segunda-feira, 4 de novembro de 2013

O direito de estar errado

Quando foi que a humanidade resolveu organizar as relações humanas e definir o que é certo e o que é errado? Quando julgamos os citados na matéria de Veja SP dessa semana sobre os "reis do camarote", minha indignação faz coro com a da maioria das pessoas que estão nas minhas redes sociais. A verdade é que a discussão acabou provocando uma reflexão: quais são os valores que determinam o que eu realmente sou? Temos o direito de estarmos errados em nossas escolhas ou temos o dever de estarmos certos em qualquer circunstância?

Pensei em todo aquele dinheiro gasto em baladas... Na noção de mulher como objeto e no álcool como isca. A noção de mulher carne, de mulher objeto. Uma palavra muito em voga: OSTENTAÇÃO. E se tirarmos os milhares de reais gastos em carrões, roupas de grife, consumação em concorridos camarotes desses caras, o que lhes resta? Penso que todo valor humano que se lhes atribui está no em tudo que o dinheiro pode comprar. Sem dinheiro, sem posses, eles não se reconheceriam. Seriam seres sem identidade. Para eles, o certo é fazer tudo que justifique seu comportamento e a realização de seus desejos... Acho muito triste uma vida assim.

Certo e errado dependem do ponto de vista. O que é certo para mim, pode não sê-lo para você ou para a maioria. Assim, como julgar com isenção? Aliás, nenhum julgamento é isento! Tudo que posso dizer, nesse caso, é que essa vida não serve para mim...

É muito difícil conviver num meio onde você é considerado o tempo todo como o ERRADO. Você só tem duas opções: se ajustar ou reivindicar seu direito de estar errado. A vida é feita de escolhas. Certas ou erradas, são SUAS escolhas. Mas em quê elas estão baseadas? Decisões tomadas sem reflexão, sem entendimento, são vazias de sentido e invariavelmente produzem como resultado o sofrimento. Particularmente, confesso que não me agrada imaginar-me julgada pela maioria como esses reis do camarote e tantos outros que toda semana aparecem na internet para desviar nossa atenção da nossa própria vida (que é o que realmente importa!). Não digo que não busco aceitação, porque o desejo de aceitação é um condicionamento que é praticamente passado via DNA. Porém, penso em não dar tanta importância à rejeição da maioria quando sou considerada "errada" se minha consciência diz que estou no caminho certo.


terça-feira, 24 de setembro de 2013

Você é... Feliz aniversário, Fabi!


Todo mundo está o tempo todo desejando alguma coisa: uma roupa nova, uma bolsa, um sapato, uma casa, um carro ou mesmo um grande amor. Hoje na escola falamos sobre o futuro e projeto de vida: o que quero pra mim e o que devo fazer para alcançar meus objetivos? Quanto mais vivo, mas concluo que querer é como uma doença incurável e que nunca ficamos satisfeitos - nem com o que temos e nem com o que acabamos de conseguir. Querer sempre mais parece que nos impulsiona a progredir, mas será que isso é verdade? Penso hoje em dia que querer cada vez menos e apreciar o que se tem é que é o segredo de uma vida (menos in)feliz.

Não quero muito mais da vida depois de 38 primaveras. No momento, estou mais inclinada a apreciar o que conquistei e o que me foi dado. Eu tenho uma família (im)perfeita, tenho um companheiro que me completa (na falta de uma definição melhor) amigos e amigas que moram no coração. Uns que estão, uns que se vão e talvez por vir. Mas dentre todos os meus queridos, você, Fabiana, foi aquela que eu mais desejei e esperei em minha vida.

Talvez essa data te deixe meio melancólica e isso eu posso dizer que entendo como ninguém, mas pense no quanto sou grata pela sua existência e por amar você tanto assim... Eu vou ser meio brega agora, mas no seu aniversário quero que você saiba o quanto você significa pra mim. Não se passa um dia da minha vida agora que eu não pense (mesmo que só um pouquinho) em você com carinho. Eu quis tanto vir para São Paulo! Deixei tanto para trás, mas ganhei sua amizade! Se tudo que passo aqui que me faz sofrer for o preço de ter te conhecido e de ser sua amiga, pago com satisfação porque você é...

O leite condensado do meu brigadeiro,
A Coca Zero do meu gelo,
A avelã da minha Nutella,
O papel das minhas cartas,
O game do meu console,
A letra da minha música,
A história do meu romance,
A janela da minha cela,
A estrela do meu céu,
O sol no meu inverno,
O queijo da minha pizza,
A manteiga do meu croissant,
O outfit da minha Blythe,
A Penny da minha Amy,
O Leonard do meu Sheldon,
O C3PO do meu R2D2 e
O Wilson do meu House.

Feliz Aniversário!

Da sua amiga de hoje e sempre

terça-feira, 11 de junho de 2013

10 formas de dizer "Eu te amo" - Parte I


Quem será que inventou a música? Quando foi que o homem percebeu que podia fazer algo tão encantador quanto os pássaros? Quem inventou os instrumentos, combinou-lhes os sons, misturou-lhes às letras, dando-lhes sentido? Eu não sei. Certamente, alguém deve ter feito essa pesquisa e descoberto. Tento imaginar por mim mesma o porquê, a origem dessa maravilhosa expressão humana que chamamos música. 

Tenho muitas memórias com música, mas não consigo me lembrar qual foi a primeira música que ouvi na vida ou qual aprendi a cantar primeiro. No post anterior, escolhi a música Cotidiano, do Chico Buarque na voz do Seu Jorge. Acredito que é ela está associada à minha lembrança mais remota em uma relação afetiva com a música. Havia uma novela chamada "Como salvar meu casamento". Lembro muito vagamente da história, mas lembro bem da capa azul marinho e como minha mãe amava essa música. Aliás, daquela época, também lembro da minha mãe dançando conosco pela sala Born to be alive, do Patrick Hernandez. Minha mãe gostava muito de disco... Meus pais sempre gostaram muito de música, mas tinham gostos diferentes. Mamãe gostava dos Bee Gees e amava as trilhas internacionais de novelas. Papai gostava de Roberto Carlos. Posso afirmar com toda segurança que os discos dele embalaram minha primeira infância e um bom período dela por muitos anos. Então, uma das coisas que aprendi a fazer quando ainda pequena era colocar o disco na vitrola, com muito cuidado para não arranhar. Papai tinha uma imensa coleção de discos. Uma das recordações mais tristes da minha infância foi quando deixei quebrar seu disco predileto da Clara Nunes. Ele não me xingou nem me bateu. Sua cara de tristeza me arrasou e lamentei esse incidente pelo resto da vida. A música predileta da minha mãe se chama Yolanda, na voz do Chico. É bastante curioso que as duas memórias musicais que tenho com minha mãe se associem ao Chico Buarque que nunca ocupou um papel de destaque no meu gosto pessoal.

Ele ama música. Mais do que tudo nessa vida, acho. Não consegue passar um dia sequer sem ouvir uma música que seja. Nossa relação sempre foi permeada por livros e músicas. Nunca fui tão apaixonada assim por música como ele. Eu sempre gostei de cantar. Das brincadeiras da infância, a que eu mais gostava era brincar de música. Amava o "Qual é a música" nos anos 80... Na adolescência participei de um coral como soprano e tive um papel de solista numa peça de teatro. Mas foi quando o conheci que a música assumiu um lugar privilegiado na minha vida. Meu gosto pessoal foi influenciado pelo dele e o dele pelo meu. Há muitas músicas que amamos igualmente. Compartilhamos hoje um amor eterno por Beatles e Roberto Carlos. 

1) Música: Uma música pode dizer exatamente o que sentimos e queremos dizer à pessoa amada da maneira mais linda. Consigo pensar em várias! "Como é grande o meu amor por você", do Roberto... "Your love is forever", do George Harrison... "High", do James Blunt... "In my life", dos Beatles. Nossa, são tantas que daria uma lista interminável! Para esse post, escolhi especialmente um cantor e uma música que apresentei a ele anos atrás: "Che un solo amor al mondo" (Há só um amor no mundo), de Amedeo Minghi. Ele entende o porquê...

Essa foto foi tirada em Santos (SP) em 2011 e é uma resposta a uma mensagem que recebi dele hoje.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

10 formas de dizer "eu te amo" - Parte II


Dizem que quando ficamos mais velhos, nos tornamos sistemáticos e ranzinzas. Deve ser verdade, porque tenho notado como tenho me apegado às rotinas que criei depois que saí da casa da minha mãe. Veja como são as coisas... Eu nunca pensei que um dia fosse considerar que a minha casa é a casa da minha mãe, não minha... Eu não tenho casa. Nada me pertence. Eu permaneço nos lugares o tempo necessário e depois sigo outro rumo. Tem sido assim minha vida nesses quase 3 últimos anos.

Nunca tinha observado antes minhas manias. Na verdade, não acho que tive alguma até começar a viver sozinha. Por exemplo, gosto de comer sempre no mesmo prato, usar o mesmo copo, os mesmos talheres. Não é por nojo nem nada. Não sei explicar o motivo, mas me sinto mais confortável quando uso minha própria louça. Gosto de não fazer planos sobre o que fazer exatamente, mas algumas circunstâncias me forçam a gostar de estar em casa. Por isso, me apeguei à tv para me distrair e relaxar. Na casa da minha mãe, nunca tivemos tv a cabo. Agora que experimentei, me tornei meio dependente e estou sentindo falta.

Em 2007, vi um pedaço de uma série chamada The Big Bang Theory na casa de amigos e não achei graça nenhuma. E de repente, depois de todos esses anos, tornou-se a minha série favorita de todos os tempos da última semana. Todos os dias, às 17:20, a Warner exibe episódios anteriores da série;  comecei a ver por acaso, enquanto fazia minhas tarefas domésticas. Em dezembro passado, quando ele veio passar uns dias comigo, diariamente eu via os episódios, a despeito de seu mínimo interesse por ele, impreterivelmente no mesmo horário. Acreditem ou não, fiquei meio apegada a esse hábito e me sinto mal quando não posso satisfazê-lo. Depois que ele foi embora, ver TBBT todas as tardes era uma forma de estar com ele de novo, compartilhando minhas pequenas rotinas...

2) Compartilhar os hábitos:  Dizem que os opostos se atraem. Outras, que semelhante atrai semelhante. Acho que nós dois ficamos num meio termo, porque somos muito parecidos e em alguns aspectos completamente opostos. Acho que nosso relacionamento de longa data nos proporcionou aquele fenômeno de equilíbrio osmótico. Hoje em dia somos mais semelhantes que antes. Costumo dizer que se nos separassem e fizessem perguntas sobre o que o outro diria sobre isso ou aquilo, acertaríamos 100%. Ele sabe como me comporto, como é meu pensamento, meu comportamento e meus hábitos. Se dessem situações para que ele se pusesse no meu lugar para dizer o que eu diria, ele certamente saberia com exatidão.

Nem tudo que o outro gosta de fazer tem a ver com nossos gostos pessoais. Mas o que custa experimentar algo que pertence ao mundo da pessoa que amamos? Por que não tentar entrar no mundo dela e conhecê-lo? Ler os livros que ela leu (e que se não fosse por isso, jamais leria), ver os filmes que ela viu e que você jamais se interessou antes, frequentar lugares que você jamais frequentaria para entender o que encanta a pessoa que você ama... Não é exatamente deixar de ser você mesmo, de ter seus próprios hábitos ou de fazer suas próprias escolhas. É se dar a chance de experimentar viver no mundo da pessoa amada. Amar é compartilhar essas coisas. O tempo todo!

domingo, 9 de junho de 2013

10 formas de dizer "Eu te amo" - Parte III


No final dos anos 80, existiu uma novela chamada "Bebê a Bordo". Eu amava! Depois de "A Gata Comeu", foi a novela com a melhor trilha sonora, na minha opinião. "Eu preciso dizer que te amo" na voz de Marina (que na época não exigia ser chamada de Marina Lima) foi a versão que conheci primeiro. Fui saber e conhecer a versão original do Cazuza bem depois. Ela foi regravada também na voz de Léo Jaime. Enfim, essa obra prima fica maravilhosa até na voz do Tiririca. O fato é que a letra expressa aquela coisa que a gente sente quando descobre que está apaixonado.

Na adolescência, fui perdidamente apaixonada e não deu certo. Fiquei muito machucada com o fim do relacionamento e mesmo depois de muitos anos não sabia como abrir meu coração para uma nova história. Tentei sem sucesso até decidir que estava feliz comigo mesma sozinha. Não pensem vocês que não amarguei dia dos namorados solteira enquanto minhas amigas ganhavam presente!

Como disse antes, fomos primeiro amigos. Nos encontrávamos com alguma frequência e nos dávamos super bem. Ah, que legal lembrar disso... É bem como a música fala... a gente conversava, contava casos, besteiras... Filosofávamos. Eu falava demais e ele me ouvia com paciência. Ele me deu o número de telefone e insistiu para que eu ligasse. Eu disse que ia ligar, mas não liguei. Então, ele voltou à livraria e perguntou porque não liguei. Eu não soube explicar muito bem e disse que ligaria. Dei o meu e pedi pra ele ligar também. Então, nossa história começou com grandes papos telefônicos! Quando digo grandes, quero dizer que nossas conversas duravam HORAS! E horas e horas e horas! Não marcamos data ou horário de ligação. O primeiro telefonema que ele me fez, assim que o telefone tocou, gritei: "Pode deixar que eu atendo! É pra mim!". Sabia que era ele. E durante muito tempo, todas as vezes que ele ligava, apenas sabia.

Um dia, ele me ligou pra me contar uma coisa... Ele me contou que estava interessado em uma colega minha do meu trabalho. Eu entrei em estado de choque! Bom, éramos só amigos, afinal de contas. Eu gostava dele, gostava dela também. Que mal havia? À princípio, eu disse palavras de apoio, mas assim que desliguei o telefone, quis entender porque aquela notícia me deixava arrasada. Então, comecei a chorar, mas de  alegria! Eu estava amando de novo, só que não sabia. Eu tinha me esquecido de como era a sensação de estar apaixonada e fiquei completamente feliz, tão feliz, que naquele momento nem me afligi por ele estar gostando de outra pessoa ao invés de mim! Estava feliz por mim. Porque uma ferida que achei que nunca ia se curar estava curada. Porque eu tinha um coração capaz de amar! Lágrimas marejam meus olhos enquanto escrevo. É impossível recorrer a essa lembrança sem me emocionar. Agradeci a Deus. Naquele momento, não estava preocupada em ser ou não correspondida; eu me descobri amando... Era tudo que importava.

3) Dizendo: Em algum momento, se você está amando, tem que dizer. Claro que há várias formas, como as que antecederam essa. A de hoje é dizer mesmo, com todas as letras, em alto e bom som para seu amado ouvir. A primeira vez que eu disse "Eu te amo" pra ele, eu poderia ter cantado essa música porque era exatamente assim que me sentia. Éramos amigos, mas eu tinha que dizer que era amor e não só amizade. Eu precisava ganhar ou perder, sem engano. Valeu a pena... 

sábado, 8 de junho de 2013

10 formas de dizer "Eu te amo" - Parte IV


Outro dia, eu estava discutindo com minha mãe sobre ser do jeito que sou. Sou muito independente e voluntariosa. Gosto das coisas à minha maneira. Não sempre por capricho, mas porque acredito em minhas convicções sobre como agir nesse mundo. É culpa da minha mãe que eu seja assim. Não foi pelo exemplo, mas porque sou a filha do meio - toda atenção e concentrada no primogênito e no caçula; ser do sexo feminino então piora muito as coisas. Ao contrario de mim, ele é o filho que teve toda a atenção da mãe desde bebê. Alias, essa atenção moldou seu caráter dependente, reticente e às vezes um tanto inseguro. Então, ele não é de puxar a cadeira para que eu me sente ou abrir a porta do carro para que eu desça. E sinceramente não sei dizer se saberia me portar com elegância se ele um dia resolvesse ter essas maneiras de amante à moda antiga do tipo que ainda manda flores. Aliás, nunca recebi flores dele. E isso não é uma queixa porque ele, em todos esses anos, me deu muito mais do que flores. 

 4) Gentileza: O amor verdadeiro é gentil. Em nosso "primeiro encontro", ele me ofereceu uma bebida, um refrigerante. Fiquei meio sem graça e aceitei. Ele quis que eu escolhesse o sabor e então eu disse: "Peça o que você achar que eu vou gostar mais". Eu pensei: "Quero Sprite, mas vamos ver o que ele escolhe pra mim". Ele voltou com um copo de Coca (pra ele) e um de Sprite (pra mim). Eu perguntei como foi que ele adivinhou. Ele corou e disse: Eu apenas sabia. Antes mesmo de começarmos nosso relacionamento como namorados, ele me deu 2 cds que são completamente especiais pra mim: "Urban Hymns", The Verve, e "Let come down", James Iha (trilha sonora desse post!). Será que ele imaginava mesmo o quanto esses gestos de indescritível gentileza me dariam tanta felicidade e me fariam amá-lo mais que tudo nessa vida? Será?

Ser gentil no amor também é pensar na alegria, na felicidade do outro como se fosse a nossa. Não tou falando de fazer uma loucura de amor, uma coisa constrangedora ou grandiosa com base no que queremos e gostamos, mas fazê-lo pela pura e simples felicidade da outra pessoa... Uma flor roubada de um quintal, um bilhete de bom dia, um presente fora de hora, um lugar novo pra conhecer junto, um beijinho roubado num momento de distração, cobrir com o edredom quando ele adormecer antes de você... Ser gentil no amor é o melhor presente que você pode dar a si mesmo!

sexta-feira, 7 de junho de 2013

10 formas de dizer "eu te amo" - parte V


Uma das primeiras coisas que aprendemos é a falar nossa língua. A gente chama a mamãe, o papai, aprende o nome das coisas. Daí, a dizer o que pensa e dizer o que sente. Dizer, portanto é mais fácil que escrever porque praticamos a mais tempo, além de não depender de nenhuma tecnologia - você já parou para pensar que papel e caneta são instrumentos tecnológicos? 

Não sei muito bem porque, mas acho que consigo sempre me expressar muito melhor por escrito. Penso que é porque ao escrever, o pensamento tem tempo de ser mais elaborado e corrigido. A palavra falada, depois de proferida, jamais pode ser apagada. Por escrito, basta apagar e começar de novo... Eu e ele, no princípio da nossa amizade, escrevíamos o que pensávamos - qualquer assunto - e nos líamos. Ele tinha um 486 enquanto eu ainda sonhava em ter um computador pessoal. Ele sempre foi um exímio digitador e escreve na tela com super velocidade. Eu solvia suas palavras maravilhosas e atribuo ter me apaixonado por ele através de suas palavras escritas. Em uma dessas cartas que ele me escreveu quando começamos a nossa amizade, ele digitou NÃO SUMA ctrl + c ctrl + v em meia lauda! E eu não sumi nem jamais sumirei.

5) Por escrito: Quem nunca catou o batom da namorada e escreveu eu te amo no espelho? Hoje em dia você pode mandar um SMS ou usar o Whatsapp a qualquer hora do dia para escrever "eu te amo". Basta apenas querer. Experimente: escrever um poema, uma narrativa à la Eduardo e Mônica e explicar por escrito o quanto seu amor é importante pra você e como o seu mundo é melhor porque ele existe! 

quinta-feira, 6 de junho de 2013

10 formas de dizer "Eu te amo" - Parte VI


A primeira vez. A primeira coisa que fizemos quando chegamos a esse mundo, ninguém ensinou: respirar. Será que alguém pode mesmo se lembrar da sensação de per o ar nos pulmões pela primeira vez? Você se lembra do seu primeiro passo? Do seu primeiro aniversário? Não, né? E de seu primeiro brinquedo? Seu primeiro bichinho de estimação? Acho que essa é uma das minhas lembranças mais antigas: o dia em que a Musa (nossa cadela mestiça) chegou em nossa casa. Eu tinha 3 anos de idade. A inspiração para esse jeitinho de dizer "eu te amo" veio dessa crônica de Antônio Prata intitulada "Recordação". 

7) Reviver a emoção da primeira vez: A primeira vez é importante porque ela serve de prarâmetro para todas as outras vezes que a experiência se "repetir". Digo entre aspas porque a verdade é que cada experiência que temos é única; jamais se repete exatamente da mesma maneira.  Você se lembra da primeira vez que seus olhos pousaram no seu amor? Quais sensações esse encontro te provocou? Foi logo pela primeira vez que seu coração bateu mais forte e você desejou que aquela pessoa jamais saísse da sua vida? 

Bem, não foi exatamente assim conosco. Nosso encontro foi tecnicamente comercial. Eu era livreira e ele um cliente da galeria aguardando uma outra loja abrir porque a funcionária acabara de sair para almoçar. Puxei assunto, tentando fazê-lo sentir-se à vontade e bem-vindo. Eu estava feliz porque - Acreditem: eu sonhei muito em ser livreira nessa vida! - eu estava trabalhando com amor. De certa forma, acho que foi por esse motivo que ele passou mais de uma hora conversando comigo, apesar do jeito tímido e reticente. Eu tive uma excelente impressão dele. Senti muita afinidade e definitivamente gostei dele. Curiosamente, não o observei com "outros olhos", apenas curti a delícia de conhecer um novo amigo. Então, ele fez o que tinha que fazer na outra loja e depois veio se despedir. Nós nos abraçamos carinhosamente. Foi um abraço demorado e genuíno. Não parecia que acabáramos de nos conhecer. Eu pedi com ênfase que ele voltasse outras vezes. Fiquei olhando-o partir e pensei: "esse é um cara muito legal. Eu quero que ele volte, mas acho  que nunca mais vamos nos ver de novo". Eu nunca vou me esquecer daquele dia. Não guardei a data, o mês ou a hora. Mas é uma lembrança preciosa que jamais vai me abandonar. Principalmente porque mesmo depois de muitos meses ele voltou. Porque ficamos muito amigos. Porque só depois de amá-lo como um querido amigo, eu o amei como ainda o amo até hoje. Em nossos primeiros encontros, ele exalava um forte olor de rosas vermelhas. 

É importante não deixar que essa lembrança se apague, pois ela que mantém acesa a chama da ternura, da doçura, daquela coisa gostosa que sentimos quando nos descobrimos apaixonados porque o rolo compressor dos problemas - as contas a pagar, as diferenças, as brigas idiotas - vai tentar destruir.  Se um dia quiser dizer "eu te amo" da maneira mais linda, conte para seu amado como você se sentiu quando seus olhos e os dele se encontraram pela primeira vez. 


quarta-feira, 5 de junho de 2013

10 formas de dizer "eu te amo" - Parte VII


Quando eu era pequena, havia muitas crianças com o nome igual ao meu. Por isso, desejava que meus pais tivesse me dado um nome diferente. Muitos anos depois, descobri as vantagens de ter um nome que começa com a. Hoje eu amo meu nome e não gostaria de ter nenhum outro. Ele começa com a letra A de amor; começa e termina. Isso é significativo para mim.

Nunca imaginei que o homem que eu quero para meu marido teria o mesmo nome do meu pai. E o mesmo apelido! Mesmo depois do divórcio, minha mãe o chamou pelo carinhoso apelido de família dele, até o dia de sua morte. O apelido dele é o mesmo do meu pai... Não é inacreditável?

Eu nunca tive um apelido. Há alguns anos atrás, fiz uns amigos no sul e eles me chamavam Adri. Se eu tivesse que escolher um apelido para ser reconhecida com ele tanto quanto como pelo meu nome, eu escolheria esse. Mas todo mundo gosta mesmo de dizer meu nome completo mesmo...

7º) Apelido Secreto: Você tem um jeito especial de chamar o seu amor? É muito doce ter um jeito especial de chamar a pessoa que você gosta. Nós dois nunca consideramos nos chamar de mô, mozinho ou mozão. É comum e todo mundo faz, é verdade. Mas que mal há nisso? É fofo, é carinhoso... Já pensou em criar um apelido especial para vocês? Um que só vocês saibam, um apelido secreto? É uma forma de dizer "eu te amo", definitivamente!

Durante bastante tempo da nossa relação, nos chamamos apenas pelo nossos próprios nomes e eventualmente usei seu apelido de família. Então, assistimos um filme que foi muito representativo para nós. Assim, nosso apelido secreto tem um significado especial que só nós dois sabemos. Eu amo o meu apelido. E meu coração até bate mais feliz quando ele me chama assim!


terça-feira, 4 de junho de 2013

10 formas de dizer "Eu te amo" - Parte VIII



Eu gosto de contar o tempo. Ele não. Penso em tudo que passamos juntos até hoje e cada lembrança é preciosa. 

8) Compartilhar fotos de infância: Quando nos conhecemos, a primeira vez que fui à sua casa notei várias fotografias espalhadas em todos os cômodos. "Temos mania de foto", ele disse. Tempos depois, separei um álbum com minhas fotos de infância favoritas para mostrar pra ele. Lembro como se o momento se repetisse nesse instante aquele brilho no olhar, aquela expressão de estar vendo algo mágico, encantador. 

Fotos de infância tem muita história. É maravilhoso conhecer aquela pessoa que você ama agora do jeito que ela era antes mesmo de sonhar em te conhecer! É uma forma muito bonita de alimentar a chama do seu amor com ternura. 



segunda-feira, 3 de junho de 2013

10 formas de dizer eu te amo - Parte IX



Os dias estão cada dia mais frios. É quando então sinto mais falta dele... Tenho pensado em tantas formas de dizer "amo você" e todas as que me vêm à mente são as que ele sempre usou comigo. O meu amor tem o jeitinho dele de não dizer, dizendo. Vivendo há mais de 2 anos em cidades separadas, sinto-me hoje muito mais amada que há 10 anos atrás! E todos os curtos períodos que tivemos juntos depois que vim morar em São Paulo são os "eu te amo" que nunca ouvi. 

9º) Cozinhar: Já experimentou cozinhar para o seu amor? Como eu sempre gostei de cozinhar, para mim é sempre um prazer enorme preparar alguma coisa para comermos juntinhos. Ele não é exigente, mas não é por isso que não capricho. Sempre preparo coisas gostosas para nós. Um dos pratos preferidos que ele ama é o meu Kare Rice: curry, carne, batata, cenoura, cebola e arroz. Tudo que for feito com carinho para pessoa amada se tornará especial... 

No ano passado, ele veio me ver no meu aniversário e passou uns dias comigo. Foi tão bom! E pela primeira vez ele cozinhou para mim. Eu supervisionei, claro, mas foi gostoso comer algo que ele preparou: um delicioso risoto de camarão, o melhor que já comi até hoje!



domingo, 2 de junho de 2013

Como é que se diz " Eu te amo"? - 10 formas de expressar seu amor no Dia dos Namorados (2013)


A tradição do Dia dos Namorados no meu blog começou em 2009, quando fiz um top 5 das músicas mais românticas do mundo. É difícil a cada ano ter uma ideia original que não seja sempre mais do mesmo para inspirar as pessoas que gostam de celebrar essa data. Já disse aqui mais de uma vez que o calendário não deve determinar como devemos nos sentir ou comportar, mas nos lembrar dos sentimentos e ações que nos humanizam. Das datas comemorativas, o Dia dos Namorados é a minha favorita por vários motivos. Espero acender em quem quer que me leia essa ternura gostosa que o Dia dos Namorados me traz.

"Eu te amo". Acho que são as palavras pelas quais a maioria das pessoas espera ouvir da pessoa amada. A primeira vez causa um impacto profundo. E todas as outras vezes em que essa curta sentença é repetida? Qual emoção você sente? É a mesma da primeira vez? Palavras podem ser plenas de sentido ou completamente esvaziadas pelo contexto. Não dá pra banalizar um "eu te amo".

Eu estive pensando sobre o que fazer de especial esse ano e lembrei da música da Legião Urbana "Vamos Fazer Um Filme" e sua célebre pergunta: "E HOJE EM DIA COMO É QUE SE DIZ EU TE AMO?". Então, que tal pensar em 10 maneiras de dizer "Eu te amo" numa contagem regressiva até o dia 12?

10º) SURPRESA: O melhor jeito de dizer que se ama é não dizendo. É! A primeira sugestão consiste exatamente em não dizer, mas sobretudo demonstrar. Dizer pode ser muito óbvio, mas não quer dizer que seja desnecessário. Diga com atitudes. Surpresa é a palavra-chave. 

Um casal amigo na semana passada fez uma coisa SUPER LEGAL! O namorado pediu minha ajuda para realizar um pequeno desejo da namorada: Maçã do Amor. Ela foi totalmente pega de surpresa! Definitivamente muito emocionante... Eles se conheceram no Twitter e estão juntos há 5 meses: @FabiAbud e @Nico_Chevallier.


Só não se esqueça de uma coisa: o valor dessa forma especial de dizer "eu te amo" não pode ser medido no quanto você gastou para fazer a surpresa, mas no seu cuidado, no seu carinho, na dedicação e nos detalhes. Ser surpreendente não é comprar um presente caro. É um gesto simples, aparentemente insignificante, que pode fazer o maior sentido na vida da pessoa amada! ;)

sexta-feira, 31 de maio de 2013

O que você faz pra ser feliz?



Nunca imaginei que um comercial de televisão pudesse me surpreender com uma pergunta fundamental que a maioria das pessoas nunca faz a si própria. O propósito das campanhas publicitárias é sempre vender um produto, uma marca, uma ideia. O Grupo Pão de Açúcar pretendia o quê exatamente quando veiculou uma campanha assim? Gostando ou não da Clarice Falcão, entendendo ou não a real intenção do anunciante com esse comercial, a pergunta merece resposta. Ou respostas. 

Nunca ouvi ninguém dizer "Quero ser infeliz". Todos querem ser felizes. Todos, sem exceção. Porém, o que chamamos felicidade? Uma outra Falcão (Adriana Falcão) escreveu um livrinho chamado "Mania de Explicação" em que define felicidade assim: "Felicidade é um agora que não tem pressa nenhuma". O dicionário diz que é produto de ações que nos levam ao contentamento. A definição justifica o questionamento, pois denota que para que se alcance a felicidade, é necessário realizar procedimentos específicos.

Talvez você possa achar que é ingênuo pensar que exista alguma coisa que possa ser feita para alcançar a felicidade porque ela pode ser tão subjetiva e relativa que uma fórmula para obtê-la seria inútil. O que eu descobri por mim mesma é que eu posso sentir uma coisa que a maioria das pessoas só reconhecem como felicidade pela ausência quando entendo o que isso significa para mim e se realmente posso fazer alguma coisa para fazê-la durar. O que faço para ser feliz? Faço o seguinte:

1) Questiono a mim mesma sobre o que é felicidade: Já ouvi muitas pessoas dizerem que a felicidade não pertence a esse mundo porque ele está cheio de contradições: dor, miséria, doença, desigualdade social. Como pode alguém ser feliz se coisas ruins - que parecem se opor à felicidade - nos acontecem o tempo todo? Se coisas boas me acontecem e afirmo que sou feliz, por que eu me sinto infeliz quando coisas ruins me acontecem? Então, de fato, não posso me dizer feliz, não é? Isso porque estou considerando a felicidade como algo que exija condições. Mas será que ser feliz, realmente feliz, depende mesmo de condições? Acho que a minha felicidade e a dos outros não dura porque associamos a alegria de ter ou de ser à felicidade, mas a felicidade não depende de nenhuma circunstância. Quem é feliz, não pode ser perturbado por nenhuma daquelas coisas - dor, saudade, ansiedade, angústia... A pessoa feliz não se perturba por nada. Ela ri, ela chora, mas internamente ela está bem. Acho que isso é a genuína felicidade. 

2) Cultivo as virtudes: No mundo em que vivemos, as virtudes só têm valor como verniz social. Não se ensina às crianças os valores morais senão para que elas se ajustem ao mundo, para serem aceitas. Ser educado, gentil, honesto, sincero, deve ser um princípio verdadeiro, não um artifício para ganhar elogios, para ser considerado uma boa pessoa, um modelo ou coisa parecida. Você tem que ser tudo isso porque isso É O SEU SER! 

3) Tento ser simples: Tenho gostos e manias que me dão imenso trabalho para satisfazer. Há muito tempo venho tentando desejar cada vez menos e ter mais autocontrole. Nem eu me suporto quando quero alguma coisa, porque isso me consome. Talvez muitas pessoas se sintam felizes no processo de realização dos desejos ou sonhos. Eu sinto que gasto muita energia e é isso que nos faz parecer que estamos vivos e associamos à razão da existência. Eu acho um saco ficar desejando e realizando. Meu propósito de vida é querer sempre menos, o que não significar não querer nada ou querer qualquer coisa. É não desejar coisas supérfluas, desnecessárias ou inúteis. Então, quando um desejo me incomoda, começo a pensar se realmente ele é digno do meu esforço e tento não sofrer para consegui-lo se não for um desejo justo. Se é algo que vale a pena, mas parece um sonho impossível, tento pensar nele mas sem sofrimento. Quando menos espero, se realiza de maneira mágica. Juro que é verdade!

4) Expulso sentimentos negativos: Raiva, inveja, mágoa são as três principais inimigas da felicidade. Luto mesmo toda vez que tentam se apossar de mim. Tenho algumas estratégias que funcionam, mas a melhor de todas é pensar em Deus. O tempo todo, de alguma forma. Tento trazer essa força divina para minha vida sempre, da melhor maneira que eu consigo.

5) Combato meu próprio egoísmo: Não adianta negar que o ego não existe e que não somos dirigidos por ele. O modo como fomos educados e como fomos condicionados a conduzir nossas vidas determinou que nossa predisposição ao egoísmo, mas isso não justifica nos mantermos nele simplesmente afirmando "eu sou assim mesmo". Ser egoísta não é só não saber dividir suas coisas ou querer tudo para si. Ser egoísta é se achar melhor que os outros, não querer que sejam melhor que você, que tenham ou consigam o que você quer e não tem ou não consegue. Ser egoísta é, sobretudo, desejar sempre estar em vantagem sem considerar que a sua vantagem é a desvantagem de alguém. É estar o tempo todo se comparando e sofrendo para ser aceito ou para ser invejado. Em outras palavras, devemos identificar a causa do nosso sofrimento e eliminá-la. Ninguém aqui está dizendo que é fácil, mas que é preciso ser feito. 

6) Assumo minha responsabilidade por minha felicidade: Toda causa tem um efeito. Mas é maís fácil buscar a causa do sofrimento nas pessoas ou nas circunstâncias que aceitar a minha responsabilidade por tudo que acontece na minha vida. A maioria das pessoas é infantil, na pior acepção do termo: não aceitam nunca que estão erradas e não se enxergam. Quando alguma coisa ruim me acontece, não fico tentando aliviar a dor acusando alguém (a sociedade, a elite, os políticos, etc) e as circunstâncias. Isso só me envenena através da raiva. Tento entender o que está acontecendo e busco um meio de me adaptar à realidade com o mínimo de dano emocional possível. Aliás, deixar-se afetar por alegrias e tristezas motivadas pelas circunstâncias é o melhor modo de trazer infelicidade para dentro de nossas vidas! 

8) Aceito os defeitos dos outros: As pessoas não são iguais a mim. Aliás, eu não sou modelo para o mundo. Nem todas as pessoas veem o mundo como vejo e compartilham das minhas opiniões. Por que não dar a elas o respeito que eu gostaria que dessem a mim? Tento aceitar os meus também, mas sem ser indulgente. Corrijo-me, mas não pretendo ser uma espécie de paladino da virtude. Se alguém é trapaceiro ou desleal, não vou perder meu tempo em julgamentos e lamentações. Constato apenas e sigo meu rumo. Cada um é livre para ser, pensar e agir como quiser. Só que cada um colhe o que planta. Eu escolho bem minhas sementes porque sei o que quero colher.

7) Faço os outros felizes: Acho que ninguém pode ser feliz fazendo os outros infelizes. Se a sua felicidade se baseia na infelicidade de alguém, você tem tudo, menos felicidade. Talvez a gente se sinta vingado ou muito "feliz" quando alguém que nos prejudicou de alguma maneira recebe o troco por suas más atitudes, mas a felicidade está acima dessas coisas. Felicidade é sentir compaixão por quem nos faz mal e lamentar que eles não possam experimentar a verdadeira felicidade de fazer sorrir ao invés de fazer chorar. Obviamente, não posso querer que alguém nos faça feliz, pois ísso seria repassar a responsabilidade que é nossa para outra pessoa. Não atribuir-se a responsabilidade de fazer alguém feliz não nos impede de realizar pequenas ações para tornar a vida dos outros mais agradável: uma gentileza, uma surpresa, um carinho, sem esperar nada em troca. Essa é a forma correta de fazer os outros felizes. Você faz porque sente que é o certo a ser feito e faz. E você fica feliz porque fazer os outros feliz se torna parte de você. 

A música resume tudo isso que eu falei de uma maneira muito, muito simples. Você é dono do seu próprio nariz? Então encontre a felicidade embaixo dele!

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Os ciganos e a liberdade do Ser

Quando eu era pequena, as pessoas falavam muitas coisas assustadoras sobre esse povo nômade de costumes diferentes que geralmente se denomina cigano. Diziam que eram um povo sujo, desonesto, ladrão de criancinhas. Historicamente, os ciganos são discriminados há centenas de anos! Há quem diga que são descendentes de Caim, portanto maus por natureza. Na Idade Média, foram duramente perseguidos como seres malignos, pagãos e por isso eram torturados e queimados vivos acusados de bruxaria. Durante a segunda guerra mundial, assim como os judeus, foram considerados como uma praga social, disseminadores de doenças e por essa razão muitos ciganos foram mortos nos campos de concentração. O que se sabe sobre eles, em linhas bastante gerais é que valorizam suas raízes, tradições e a família, além de possuirem um talento nato para o comércio e o acúmulo de bens materiais. Porém, a catacterística que mais se destaca nos povos ciganos no imaginário coletivo é o nomadismo.

Todas as pessoas têm seus apegos. E parece, para grande maioria, que o desapego ao lugar onde se nasce, se vive, se mora é uma coisa bastante fora do normal. Penso que todo tipo de apego nos faz escravos - das coisas, das pessoas, dos lugares. E ser livre, num mundo como o nosso, representa a satisfação de todos os apegos: estar onde se quer, quando se quer; ir onde se quer, por onde quiser. Mas e quando não há opções? E se todas as vontades são contrariadas? Quero ir, mas devo ficar; quero ficar, mas tenho que partir: onde fica a liberdade?

Nenhum de nós é livre. Nem mesmo os ciganos. A real liberdade não tem qualquer relação com a nossa identificação com o que fazemos, o que pensamos e onde estamos. A liberdade, imagino, reside na conexão com o nosso verdadeiro Ser. Equânime, nosso Eu Verdadeiro não é o ego que ri na alegria e chora na tristeza. O Eu está onde deve estar, ir onde deve ir... E partir quando esse for o seu dever.

Os ciganos sabem deixar uma morada sem tristeza ou remorso. Eles não olham para trás e vão. Para eles, esse é um movimento absolutamente natural. Como será que eles aprenderam? Acho que todos que pretendem ser plenamente livres, devem tentar descobrir!





domingo, 12 de maio de 2013

Ela é minha Lua - Dia das Mães 2013

Para minha mãe



Mais um domingo está terminando. Aquela melancolia costumeira não teve vez hoje porque foi o Dia das Mães. O dia em que entregamos o presente escolhido com carinho e almoçamos com a mãe mais querida do mundo: a nossa. No ano passado, eu falei das esquecidas. Esse ano, quero falar diretamente para minha mãe porque não pude estar com ela, mas esteve em meus pensamentos e em meu coração o tempo todo. Hoje ganhei uma rosa porque disseram que todas as mulheres são manifestações da Mãe. Toda mulher é mãe... Mãe de seus amigos e amigas, dos filhos dos seus amigos, não é? Eu me sinto mãe de todos a quem dedico atenção, carinho e amor...

Esse é o segundo ano consecutivo que não posso estar com minha mãe nessa data. Eu lamento, claro, mas as circunstâncias da vida me obrigam a entender e a aceitar que nosso amor deve ser manifestado sempre, mesmo quando existe um dia especial para expressá-lo. 

Minha mãe sempre achou que eu preferia meu pai a ela. Engraçado que quando eu digo que ela prefere meus irmãos a mim, ela se zanga e acha absurdo. Demorei muitos anos para entender algumas coisas fundamentais sobre família e a relação pais e filhos. Ao contrário do que já ouvi falar inúmeras vezes - "Quando você for mãe, você vai entender" -, eu compreendi que há muitas razões porque pais parecem preferir filhos. As pessoas têm afinidades. Pais e mães são pessoas. Isso não quer dizer que amam mais ou menos um filho ou outro, mas que há uma identificação maior com um filho. Claro que às vezes isso pode passar para uma predileção injusta, mas não é uma regra válida para todos os casos. Então, demorei muito para perceber que minha mãe não gosta menos de mim; é que ela sempre achou que preciso menos dela que meus irmãos. Assim, aprendi várias coisas sem sua ajuda... Minha mãe nunca precisou fazer a lição de casa comigo. Aprendi a amarrar meu próprio cadarço, rezar o Pai Nosso e a cozinhar também. Sempre fui, como meu pai, expansiva, comunicativa e cheia de iniciativa. É por isso que sempre pareceu que eu o amava mais... É que eu só estava expressando as qualidades que herdei dele mais do que as que herdei dela. 

Meu pai era o sol: impõe sua luz à força, abrasava tudo com sua força de vontade, gostava de cor, de som e voltado para o exterior. Minha mãe é a lua: sua luz é suave e se expressa docemente em fases; suas cores são sóbrias - preto e cinza - séria e muito, muito voltada para o interior. Hoje tive esse insight: Deus sendo Pai, também é Mãe. Sol e Lua são respectivamente Deus como o Sempre Existente e Sem Forma e Deus Pessoal Com Forma. A presença de Deus é representada pelo sol que ilumina e permeia tudo. O poder criador, gerador e mantenedor de Deus se manifesta na Natureza - tudo nasce e cresce pelo Amor da Mãe. A Lua, portanto, representa um aspecto da Mãe como Natureza - que também tem fases, (assim como as estações do ano que fazem florir e frutificar) que regem as águas. A Lua representa a Mãe Divina e nós todos as infinitas estrelas do céu. As estrelas são filhas da lua. Imagine a noite escura sem a luz do luar? A luz das estrelas não são suficientes para iluminá-lo... Ainda que a luz da lua não seja própria, a lua consegue refletir com perfeição a luz que vem de Deus, o sol. Por isso, todas as mães são a mais perfeita manifestação dos maiores atributos divinos: o dom de gerar a vida e amar seus filhos incondicionalmente. 

Todos sabem que as propagandas de margarina não mostram a realidade da vida em família. E minha relação com meus pais esteve muito longe de ser modelo para esse tipo de comercial. Porém, posso afirmar com toda certeza do meu coração: eu tive o melhor pai e tenho a melhor mãe para me tornar a pessoa que desejo ser. Durante muitos anos, manifestei todas as qualidades do meu pai e hoje reflito as da minha mãe: sou uma pessoa mais sóbria, mais autocentrada, prática, responsável e administro minha própria vida. Se hoje sou uma pessoa melhor, é porque sigo seu exemplo de honestidade, de retidão e de disciplina. Um dia, minha mãe disse que eu era sua estrela. Ela tem razão... E ela é minha lua!




quinta-feira, 9 de maio de 2013

Inquebrável


Não sei porque na natureza humana, o apego parece ser genético: um gene dominante que comanda aquilo que chamamos de eu a se apegar às coisas e às pessoas. Apego, assim como o medo, em si mesmo, tem um propósito na vida. Se não tivessemos apego à nossa mãe que nos deu a vida, que nos manteve vivos, cuidando-nos e alimentando-nos, como sobreviveríamos nesse mundo? Se não tivéssemos um apego à vida e a todas as coisas que nos mantém vivos - com saúde e em segurança - não estaríamos mais aqui para chegar a essa reflexão. 

Tenho um apego afetivo às minhas coisas. A algumas, mais do que outras. Tenho uma xícara que comprei num Natal para me autopresentear porque me apaixonei por ela à primeira vista. Nunca deixei ninguém a usasse ou lavasse. Sempre tive extremo cuidado em seu manuseio. Meu apego com minhas coisas é tão intenso que chego a imaginar que ninguém cuidará do que é meu melhor que eu. Então, embora a convenção social me silencie quando preciso compartilhar algo que é extremamente meu, sofro para manter o que me pertence. Mas como todas as coisas que existem, a xícara também tem vida útil. E ontem, num acidente doméstico, mesmo com todo meu zelo, meu querido utensílio foi trincado. Uma peça perfeita destruída. Embora ela ainda esteja funcional, minha amada xícara ficou mutilada, defeituosa, imperfeita. E meu coração deveria ter se partido junto; só que não. No exato momento em que o aborrecimento quis se apossar de mim, eu o expulsei. Pensei que tudo nesse mundo tem seu tempo; tudo se quebra, tudo se parte, tudo morre. 

Fiquei tentando decidir se deveria ou não jogá-la fora porque, afinal, não estava de todo estragada e eu poderia alimentar minha afeição por aquela peça de louça manufaturada que eu mesma transformei em um deus.  

Hoje tiraram de mim meus documentos, meu dinheiro, cartões e coisas de valor sentimental. Furtaram da minha bolsa meus pertences mais valiosos. Justamente aquelas coisas que mais tememos perder. E me pergunto... Por que tudo pode nos ser tirado sem que possamos fazer nada? Não adianta lutar contra o inevitável fim das coisas e parar de querer remediar o que não tem remédio. Perda e ganho são duas faces de uma mesma moeda.

Existe alguma coisa nesse mundo que seja imperdível? Imperecível? Inquebrável? Quando eu descobrir, saberei com certeza que nunca mais sofrerei outra vez enquanto eu viver.




quarta-feira, 1 de maio de 2013

Jardim sem jardineiro



Plantas podem crescer sem a nossa ajuda. No entanto, um jardim ganha muito mais vida e beleza se houver um habilidoso jardineiro que cuide dele. Todos gostam de apreciar um belo jardim. Os jardins não se fazem sozinhos. Jardins são o resultado do esforço de alguém que cumpriu todas as etapas - planejamento e execução - de um projeto. Se não existissem jardineiros, jardins não seriam jardins.  

O escritor é um jardineiro. As palavras são as sementes. Os textos são as plantas que dão flores e frutos - aroma, cor e sabor. O que estou tentando dizer é que não é possível fazer brotar no papel um bom texto se não existe habilidade para transformá-las em algo de fato significativo; algo que ultrapasse o limite do gênero. Você pode escrever um romance, um roteiro de cinema, uma peça de teatro, um poema, uma crônica e simplesmente não despertar o interesse de ninguém para ele... 

Um jardineiro não nasce jardineiro. Ser jardineiro é uma escolha. Em algum momento da vida, houve uma escolha. O escritor escolhe escrever. E se ele quer escrever, ele vai ter que aprender como se tornar um escritor. Muitas pessoas dizem que escrever é um dom. Lamento por em xeque essa antiga crença. Escrever é sobretudo vontade. É onde tudo começa...

O jardineiro aprende a ser jardineiro. Primeiro, aprende sobre as plantas e muitos outros detalhes que dizem respeito à jardinagem: os materiais a serem utilizados, os cuidados e procedimentos na execução de seu trabalho. O escritor também precisa passar por esse aprendizado. Ele precisa aprender do que é feito um texto e o que é um texto. Não basta apenas ter lido bons textos e ter boas ideias. Um bom escritor precisa conhecer a técnica e praticá-la à exaustão!

A escola pretende ser o lugar onde se forma o escritor, mas o que vejo é que os alunos não se interessam pela arte de escrever. A maioria deles se julga incapaz e de fato não dispõem de nenhum interesse em desenvolver essa habilidade. Por esse motivo, ensinar a escrever - não me refiro ao ensino da norma padrão, da ortografia, da gramática normativa - depende muito de como fazer com que o aluno queira ser um jardineiro... E acho que essa atividade estará restrita sempre - infelizmente - a um grupo seleto - a cada dia mais e mais reduzido! - de "pseudo-eleitos" do Monte Olímpo considerados capazes de sê-lo. 



segunda-feira, 22 de abril de 2013

Caminhos


Qualquer jornada que se inicie – dizem – começa com o primeiro passo. Não se chega a lugar algum sem que se saiba caminhar. Todavia, quem começa uma caminhada sem saber onde se quer chegar? Quando chegamos a esse mundo, não sabemos por que viemos e nem para onde vamos. Nesse sentido, pensar a vida como uma viagem, acaba por nos intrigar porque todos sabem que quando queremos fazer uma bela e inesquecível viagem planejamo-la bem, preparamos malas e roteiros. 

A vida parece ser uma viagem sem rota, sem direção, sem GPS. E afinal, me pergunto: Dá para fazer uma boa viagem sem planos, sem saber qual é o melhor caminho?

São muitos os caminhos que a vida nos apresenta. Como saber se estamos no caminho certo? Aliás, o que poderíamos chamar de “caminho certo”? Certos ou errados, os caminhos são feitos de nossas escolhas e nem sempre nos levam exatamente ao nosso destino. À propósito, nomeamos destino aquele caminho que nos parece inevitável. 

O blog ficou inativo por muitos meses e eu não estava encontrando o caminho de volta para ele. Ele foi criado com um propósito pessoal bem definido. Criar o blog em um momento que hoje parece remoto, foi o caminho que encontrei para lidar com meus sentimentos, pensamentos... Minha dor, minha alegria. Houve um tempo em que ele significou tanto para mim que não podia deixar de escrever. Durante todos esses meses, busquei um caminho de volta... Não sei exatamente se o encontrei. Minha vida nos últimos meses tem sido uma rotina estressante e acabei perdendo o estímulo para continuar escrevendo. Eu esqueci que escrever é um caminho que escolhi há muito tempo. É bom recomeçar.