quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Morokulien - Um Novo Ano de Paz

Eu poderia fazer uma retrospectiva do ano que está acabando. De fato, é inevitável relembrar momentos marcantes - felizes e tristes. Eu sofri muito esse ano - como nunca antes. Das coisas que aconteceram, a que mais doeu - e a que sempre dói - é perder alguém a quem chamo de amigo - perdi para a vida, o que, na maioria das vezes, é muito pior que perder para a morte. Nunca soube entender como pode uma pessoa querida entrar e sair da vida da gente como quem vai a um país distante a passeio, de férias...

Em 2008, tive a sorte e a honra de conhecer uma amiga fabulosa: D. Alda Schlemm Niemeyer. Durante minha breve estadia em sua adorável casa na linda cidade de Blumenau (bem antes das cheias), ouvi dela muitas histórias e recebi muitas lições. Alda quer dizer Sábia. Realmente, ela sabe das coisas... E foi dela que, pela primeira vez, ouvi falar de Morokulien - a república da Paz.

Paz é uma palavra que fica na moda no mês de dezembro e ganha todo seu esplendor no último dia do ano - para cair em desuso nos outros novos 365 dias. Todos desejam paz uns aos outros no dia de hoje, mas porque será que não temos paz? Com a mente sempre ocupada com desejos e o corpo em movimento para realizá-los, que tempo temos para sentir e levar a paz?

Todos hoje estão animados, preparando a ceia, cheios de esperanças para o ano vindouro. Que tal experimentar o molho que eu aprendi com a D. Alda? Ela aprendeu com seus amigos em Morokulien e, por isso mesmo, esse molho para salada leva esse nome - uma celebração à paz e à amizade...

Ingredientes:

1 Cebola
Açucar (o suficiente para envolver a cebola)
Pimenta do reino (a gosto)
Sal (a gosto)
Azeite (5 colheres de sopa)
Vinagre (5 colheres de sopa)

Modo de fazer:

Picar a cebola em cubinhos bem pequenos e deixar descansar no açucar. Ela vai ficar bem transparente e mudar o sabor e textura. Juntar a pimenta e o sal e deixar descansar um pouco.

Acrescente o azeite, misturando bem. Ajuntar o vinagre e está pronto!

Você pode usar usa imaginação e agregar mais ingredientes - maionese, alfavaca, orégano, manjericão, mostarda, o que você quiser!


Lembrando dessa minha amiga, de outros que não estão tão presentes e aqueles que já não estão mais nesse mundo, tentei sentir a paz que eu desejo todos os dias - para mim, para vocês e especialmente para aqueles que mais precisam...

Um Feliz 2010 para todos nós!

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Doce Presente de Natal

Natal. Todo mundo sabe a origem e o significado da palavra. E tudo que eu disser vai ser clichê. É possível resistir ao desejo incontrolável que a gente tem de querer agradar todo mundo que a gente gosta nessa data? Eu não consigo resistir...

Ultimamente, tenho falado tanto dos meus amigos tuiteiros e das nossas peripércias. Sou uma professora em férias e estou me dedicando a outras coisas que me dão satisfação além de lecionar. Todavia, acho que ensinar, para mim, é mais que uma sina: é a forma em que eu me entendo viver. Eu vivo ensinando e vivo para ensinar - aprendendo sempre no processo!

Tudo começou assim: Natal... O que vamos fazer de bom para a ceia? Recebi vários tweets interessantes e deliciosos, mas achei a ideia da @Patymimmo genial: Petit Gateau de Doce de Leite, do site Cozinha Pequena. Combinamos fazer a sobremesa para a ceia de hoje, um presente a mais para nossas famílias. E um presente para nossos leitores: faremos um post duplo - aquela coisa do Variações sobre o Tema, que eu disse uma vez, há alguns posts atrás... O tutorial dos Cookies de Lavanda e Limão foi tão incensado pelos amigos que eu não tive como não fazer outro. Dessa vez, uma receita ainda mais deliciosa e que qualquer um pode fazer!

Presente não é só aquilo que a gente pode embrulhar e entregar para a pessoa querida - gesto simbólico de apreço, de afeição, de amor. É mais do que isso: é o único tempo que existe - o tempo de fazer alguém sorrir, de fazer os olhos de alguém brilharem, de brincar junto, de celebrar as pequenas coisas e ver beleza nas mais simples. O espírito de Natal me faz ver tudo dessa forma, com muita clareza. Eu desejo que todos possam experimentar esse meu entendimento sobre o presente em suas vidas; da mesma maneira, diariamente...

FELIZ NATAL PARA TODOS E BEIJOS EM CADA UM!


sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Meu Amigo Secreto é... - Tutorial de Cookies de Lavanda e Limão


Todo fim de ano é assim, não é? Todos montando suas Árvores de Natal, enfeitando-as com luzinhas coloridas, pendurando guirlanda nas portas, montando presépio. E, como não poderia deixar de ser, organizando a brincadeira mais manjada do universo - mas sempre, sempre divertida: o Amigo Secreto.

O meu esse ano não foi na firma, não foi em família. Sim, foi entre amigos. Entre amigos virtuais mais que reais: @anasinhana @asimizo @rhigam @pratofundo @noelleaquino @veiadateia @lubetenson @thecookieshop @nathy2 @tiofaso @elisa_kawaii @carolarodrigues @doisespressos @mixiricacombr e eu (@adrianaoliveira). A brincadeira começou no dia 09/11 e encerrou-se por prorrogação no dia 18/12. Foram mais de 30 dias de diversão - bilhetinhos secretos, twittadas divertidas e empenho no preparo dos mimos. A proposta era desafiadora, dada as especialidades de cada participante. Meio a meio crafters e gourmets (ou food bloggers, como alguns já mencionaram durante a brincadeira). Cada um deveria mandar ao seu Amigo Secreto: 1 craft, 1 receita e 1 gulodice.

Quem tirou quem? Vejamos...

Ana Sinhana tirou Renato, que tirou Vitor, que tirou Faso que eu não sei quem ele tirou ainda. Dri Simizo tirou a Ana Sinhana. Daí, o Marcelo tirou a Noelle que eu também ainda não sei com quem ela saiu... E a Nathy tirou a Dri Simizo! A Elisa ganhou presente da Luciana que por sua vez ainda não recebeu o dela... A Paula, como vocês já sabem, saiu comigo (que sorte grande a minha!) e quem saiu com ela foi a Tatu. Nossa, que emboleira! Isso é porque nem todos receberam ainda seus mimos... Entretanto, no meio disso tudo, a Vera, que tirou a Carola, é a MINHA Amiga Secreta! Bem, ela também não recebeu o presente dela ainda... Mas já está a caminho. Como a brincadeira se encerrou, resolvi dar a parte virtual do presente dela hoje: o tutorial dos Cookies de Lavanda e Limão (receita da Simone Izumi, do Chocolatria) que foi junto por escrito no pacote enviado pelo correio. Esse vídeo não poderia ter sido realizado sem colaboração mais que especial dos outros Amigos Secretos - Vitor (Prato Fundo) - que me orientou sobre como editar o vídeo, já que o meu WMM está zoado, Renato Higa (Sugarnut) - que combinou comigo postagem dupla da mesma receita, com a perspectiva dele - e a minha irmã Paula (The Cookie Shop) - que deu dicas para que a receita saísse "perfeita" (entre aspas porque eu nunca consigo acertar fazer as coisas com perfeição logo na primeira tentativa).

Vera, fiz com carinho e dedicação... Foi uma honra e um prazer ímpar ter sido a sua Amiga Secreta! Obrigada por participar da brincadeira! Ainda quero saber de todos os outros como foi essa experiência. De minha parte posso dizer que foi maravilhosa porque eu pude me aproximar ainda um pouco mais de pessoas com quem eu compartilho muitas afinidades. Eu me senti mais perto de cada um... Sintam-se todos abraçados no meu abraço especial para @veiadateia.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Generosidade cabe numa tacinha de sorvete? - Alessa Gelato e Caffè


Andrea preparando-me um Bacio (Espumante com sorbet de framboesa)

Generosidade. Gostaria de saber a origem etimológica dessa palavra. Não encontrei nada. Nasceu substantivo abstrato - nos dias atuais, mais do que nunca. Raridade. E quando a encontramos nas pessoas, nos lugares, sempre ficamos fascinados.

Tudo começou assim: uma sorveteria com um nome bacana, num bairro bacana, na bacana cidade de Belo Horizonte, encantou a Cláudia do Superzíper pelo do Vale Chuva - um mimo do Alessa Gelato para os clientes no dia de chuva. Ganhar um sorvete quando a chuva cai não é algo tão generoso? Pensa bem: você aborrecido com a chuva atrapalhando seus programas e, enquanto espera que ela passe, um sorvete (na verdade dois - um que você compra e outro que você ganha) faz com que você esqueça todos seus problemas? Foi assim que eu conheci o nome Alessa. Não foi na revista Veja, não foi na revista Encontro - foi num blog de gente como a gente. Gente generosa que compartilha conhecimentos, vivências e experiências.

238 dias depois, fui à Alessa pela primeira vez. Imediatamente reconheci a pessoa que viu o meu comentário sobre o post da Cláudia: Andrea Manetta (sócia proprietária) que gentilmente me convidou para conhecer a gelateria. Fui surpreendida com uma recepção generosa: convidou-me para uma degustação especial em que apresentaria não apenas os sabores Alessa mas toda um cultura do sorvete.

Não conheço quem diga "Não gosto de sorvete" - fato. Já parou para pensar que saborear um sorvete pode ser algo tão sofisticado e prazeroso quanto provar um bom vinho? Servido a exatos* -10º c (inclusive a climatação interna da loja foi pensada e projetada em função disso), com matéria prima de altíssima qualidade e produção "craft" (o artesanal elevado ao máximo), o sorvete Alessa é único. Esqueci tudo que eu achava que sabia sobre sorvete depois de ouvir a Andrea falando apaixonadamente sobre. Assim como um enólogo degusta um vinho - com atenção às nuances, texturas, aromas - alguém que tenha dado a devida atenção à aula dada pela Andrea consegue perceber o aroma dos sorbets e as diferentes nuances dos diferentes sabores.

O espaço que leva o nome Alessa, assim como sorvete, é uma obra de arte. Andrea, além de empresária, é arquiteta - por formação e de nascença. A iluminação, a organização do espaço, as cores: convites à uma reunião agradável com os amigos, a um encontro idílico com o namorado ou o simples deleite solitário de um prosaico prazer que é tomar um sorvete - foi o que eu vi na tarde de hoje, quando passei por lá pela segunda vez.

Eu recomendo Alessa Gelateria não pelo prêmio de Melhor Sorveteria de Belo Horizonte pela revista Veja nem porque ela se encontra no coração de um dos bairros mais nobres e tradicionais da nossa Cidade Jardim. Recomendo porque eu me senti acolhida pela generosidade da Andrea em tudo - nas cores, no ambiente, nos sabores... Lá não é uma sorveteria qualquer porque é chic e o produto que Alessa Gelato oferece é o da mais alta gastronomia. Nada disso. Eu gostaria que todos pudesem conhecer aquele lugar porque lá tudo é arte que inspira a todos que se sentem acolhidos tanto quanto eu me senti. E tudo isso não cabe numa tacinha de sorvete!

Experimente: Sorbet e o Frutíssimo (Smooth) de Laranja com Pêssego (o primeiro sabor que experimentei), Chocolate Andrea, todos os sabores Alessa (os que têm esse nome levam o especialíssimo doce de leite de fabricação própria, feito com uma combinação perfeita entre a técnica argentina e a brasileira) e O MEU FAVORITO: Romeu & Julieta (Goiabada com queijo MINAS).






*NOTA EXPLICATIVA: A temperatura do sorvete Alessa não é "exatos" -10º c. Ela varia de -10º a -12º e depende do sabor: frutas (sorbets) a -10º c, cremes a -11ºc e chocolates a -12ºc, o que também costuma variar de acordo com a estação do ano. (Andrea Manetta)

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

We're all dialed in

Dias atrás, eu "inventei" de brincar de Amigo Secreto via Twitter e chamei algumas pessoas que eu sigo e que converso com frequência para participar. Toparam participar: @anasinhana @asimizo @rhigam @pratofundo @noelleaquino @veiadateia @lubetenson @thecookieshop @nathy2 @tiofaso @elisa_kawaii @carolarodrigues @doisespressos @mixiricacombr e eu (@adrianaoliveira).

Estava previsto da brincadeira se encerrar hoje - coincidentemente aniversário da @thecookieshop (Paula Cinini do site The Cookie Shop), mas precisou ser prorrogada até a próxima sexta-feira. Seria um final apoteótico para uma brincadeira perfeita. 15 desconhecidos se aproximaram ainda mais uns dos outros sob esse pretexto. 15 desconhecidos que seguirão suas vidas independentemente dela. Ou não - esse é o meu caso.

Não posso deixar de dizer que as afinidades que nos reuniram foram o leitmotiv. Mas como poderíamos entender como foi que pessoas se uniram? Dar os créditos ao acaso? Não posso... Não é possível... Uma série de coincidências que Jung daria o nome de Sincronicidade fez com que a Paula fosse a minha amiga secreta. Justamente a pessoa que mais se aproximou de mim, a pessoa que mais se parece comigo - no senso de humor, no jeito de ser... Paula, para mim, é uma Adriana 2.0 - versão melhorada de mim: com um talento incrível para doçuras (literalmente). A mãe da Heleninha me deu o MELHOR PRESENTE de Amigo secreto que eu já ganhei em toda minha vida. E hoje é aniversário dela. Eu teria tanta coisa para dizer... Mas as palavras parecem resvalar da minha mente e não quererem escapar do meu coração. O que se sente, por mais que queira ser traduzido em palavras, nunca consegue ser de fato expresso. Portanto, nada do que eu quiser dizer ou desejar em palavras para a Paula corresponderá ao que eu realmente sinto e ao que eu desejo para ela. Então, que ela compreenda minha a minha limitação e aceite essa música que eu dedico a ela e a todos que brincaram comigo. Obrigada a todos vocês que me proporcionaram os momentos mais felizes de 2009 na minha vida.

Feliz Aniversário, Paula!




All dialed in (Todos conectados) - Jason Mraz

Marigolds and bougainvillea
Pressed against the fence

This might be my opportunity
To finally make some sense

Climbing towards the sky I gained a better understanding
About the sky in fact the sky starts on the ground here
So when I'm reaching up I'm really reaching out the boundaries
And I'm all dialed in
Cause we're all connected

It's a simple life today
No matter what they pay me
Playing is my reward
So take it easy on the world when
She's someone else's girlfriend
Taste her cake and see how she likes you

Climbing to the sky to gain the other common knowledge
Yeah your world is watching waiting from the wings
So when I'm singing out I'm really thinking how astounding it is
That we're all dialed in
We're all connected

Oh this spirit lies in Auld Lang Syne
And If you ain't here today you're just digging an icy grave
Bottle some hurt and fill in the dirt
And take them old marigolds away

Well, climbing to the top has never been my destination
Because the only way to stop is by jumping off
I don't need this microphone to address the nation
Cause I'm all dialed in
We're all connected

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Prece de Gratidão

Existe algo inexplicável que os homens chamam de Deus. Por convenção, eu usarei esse nome para expressar coisas que eu preciso dizer.

Deus, obrigada. Obrigada por ter criado todos os mundos. Obrigada por ter pintado o céu e a terra de tantas cores tão lindas que meus olhos mal podem distinguir entre tantas nuances perfeitas.

Obrigada pela chuva que molha as plantas, que mata a sede. E que destrói os morros, desbarranca casas e deixa pessoas desabrigadas - quando não morrem em função disso.

Obrigada pelo sol e pelo ar que mantêm tudo que existe. Obrigada mesmo quando eles causam a morte e a intoxicação.

Obrigada pelo sangue que corre em minhas veias que me permite estar aqui dizendo essas coisas que serão (ou não) lidas por quem acredita (ou não) que Você existe. Obrigada ainda assim quando ele é derramado em "Seu Nome" por ódio, vingança, violência...

Obrigada Deus, por ter arquitetado tão bem a manutenção do corpo... Obrigada pela fome, pela sede, pela angústia, pela solidão, pelo sofrimento meu e de todo ser vivente.

Obrigada pela capacidade de discernimento que me habilita a criar e desenvolver algo que seja útil para todas as pessoas. Igualmente pelo mau que existe: pela dor, pela ferida, pela falta de cura - das doenças do corpo e da alma. Obrigada por permitir que eu veja mesmo aquilo que não quero ver.

Obrigada pela salvação assim como pela danação eterna - se é que isso mesmo existe. Obrigada, meu Senhor, pelo milagre da vida assim como pelo milagre que é a morte - quando nos ensina a importância das coisas e das pessoas.

Obrigada por todos meus amigos e igualmente por aqueles que pensam ser meus inimigos - eles me fazem mais forte, mais compassiva e paciente. Obrigada meu Deus pela presença assim como pela falta - de amor, de carinho, de atenção, de cuidado. Obrigada por tudo que eu aprendi e pelo que ainda não entendo.

Obrigada, oh Meu Doce Senhor, por te ver no feio, no horrível, no triste, no ignorante, no imperfeito assim como te vejo no belo, no maravilhoso, no fantástico e no perfeito porque se eu não for capaz de Te ver em todas as coisas, não sou digna de dizer que existo.



quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Jason Mraz Tour in Brazil - Belo Horizonte/MG - 29/11/2009


Coincidências não existem. Tampouco acaso. Acredito que todos os eventos da vida têm alguma conexão, explicação, sentido ou significado em essência. Jung deu a esse tipo de evento o nome de Sincronicidade. Já há alguns anos tenho notado esses eventos "mágicos" ocorrendo o tempo todo comigo, sempre me impressionando, sempre me surpreendendo. Recentemente tenho sido atacada por eles e isso me enche de alegria...

Conheci Jason Mraz ouvindo a 90 Fm Blumenau. Muito antes de Lucky e I'm yours, a rádio já tocava Make it mine. Infelizmente, poucas pessoas conhecem-no pelo conjunto de sua obra até agora. O show lotou no último domingo muito em função da participação dele no programa do Faustão no último dia 15/11, no início da turnê do artista pelo Brasil.

Eu soube do show por "acaso"... O anúncio estava pregado na traseira de um ônibus e quando eu bati o olho, meu coração disparou de emoção. Não sosseguei enquanto não comprei o ingresso e esperei por esse dia ansiosamente. O meu pesar é que eu iria estar sozinha num show, pela primeira vez.

Eu não procurei muito, mas o pouco que sei sobre a vida dele me faz admirar ainda mais sua arte e a pessoa que ele é. Jason, até onde sei, me corrija se eu estiver enganada, é espiritualista - provavelmente vinculado à algum movimento religioso ou filosófico relacionado à yoga (um de seus violões tem um enorme símbolo do OM pregado nele) e, estando no Twitter, posta periodicamente autoafirmações positivas. As mensagens de suas canções são singelas e falam de um amor mais universal em detrimento do pessoal. Make it mine e I'm yours são exemplos disso, pois tratam da união com Deus (verdadeiro significado da palavra Yoga). Nesse sentido, para mim, Jason é um artista que se aproxima muito de George Harrison. Não no estilo, mas na mensagem espiritual de amor universal e união com o Divino.

Meu namorado me levou até o local do show com 1 hora apenas de antecedência. Estava tudo lotado e eu fiquei um pouco ansiosa de estar no meio de uma multidão completamente sozinha. Assim que o show começou, toda a minha angústia se desvaneceu. Ele estava lá, cantando para todos, por todos e para mim. Minha mente esvaziou-se. E se encheu de cores e sons. Poucas músicas foram cantadas em uníssono, exceto I'm yours e Lucky (que contou com a participação especial de uma fã que o próprio pediu para subir ao palco para cantar com ele). Entretanto, todos se envolveram harmoniosamente sob sua regência. Ele cantou TODAS as minhas músicas favoritas. Surpreendeu-me particularmente a performance em Dynamo of volition em que Jason ensina antes de começar a tocar alguns movimentos que depois compreendi como sendo uma espécie de língua de sinais para a canção. No quesito simpatia, o cantor é hors concours... Em determinado momento, agradeceu ao público em espanhol, o que gerou um certo desconforto que foi imediatamente contornado - ele agradeceu em vários idiomas e foi ensurdecedoramente aplaudido. Carinhosamente, Jason retribuiu os coraçõezinhos feitos com a mão - que aprendeu com a gente, obviamente...

As performances em Coyotes (em que Jason faz um vocal lírico excepcional) , em Beautiful mess (cheguei às lágrimas pensando na única pessoa no mundo que eu queria que estivesse comigo naquele momento) e em We all dialed in (foi muito emocionante ver aquele mar de luzes, antigamente feitos com isqueiros hoje substituídos por celulares) superaram qualquer expectativa que eu pudesse ter tido com relação ao espetáculo. Eu realmente me senti conectada com todos os que estavam ali com ele, compartilhando aquele momento tão único!

A sincronicidade novamente falou alto naquele instante pois em duas ocasiões o artista frisou "everything will be fine" - em Details on the fabric e na música incidental (se não me engano, no bis com a música Butterfly) Three Little Birds - "don't worry about a thing, 'coz every little thing is gonna be all right". Um arrepio percorreu-me quando ele disse, quase mantricamente à plateia "cantem esse refrão para uma pessoa que não está aqui com vocês". Coisas que só eu e a minha pessoa podemos entender...

Não é possível pôr em palavras tantas emoções, tantas impressões cheias de significância... Elas reduzem a experiência em si mesma que foi minha e ao mesmo tempo de todos. Renovam-me as esperanças saber que existe um artista como Jason no mundo. Ele consegue me fazer acreditar que a vida é realmente MARAVILHOSA!