sexta-feira, 29 de agosto de 2008

A música mais linda do mundo

Ainda estou atordoada com os últimos acontecimentos. Especialmente um que eu não mencionei aqui porque me abalou demais: o caso do rapaz que se suicidou na frente de uma moça na Faculdade de Letras/UFMG - onde eu me graduei e onde ainda tenho aulas. Pretendo falar sobre isso aqui porque está entalado na minha garganta como espinha de peixe. Mas hoje, deixo a espinha ainda incomodando para falar de um outro assunto, bem mais animador!
Já pararam pra pensar qual é a música mais bonita do mundo? A mim, que gosto de tantas, se me fizessem essa pergunta de sopetão, talvez eu não tivesse tão clara a resposta quanto tenho agora. Eu tive essa "revelação" ontem à noite, indo para o campus. Eu tenho costume de ir baixando músicas por intuição: me vem uma canção que quero ouvir naquele momento e procuro. Na busca, encontro outras e assim vou inflando meu 'acervo'. Um dia, procurando músicas famosas - acho que foi no dia que estava procurando a música do filme "Bonequinha de Luxo", Moon River - encontrei uma das mais lindas interpretações da música que eu considero a mais bonita do mundo. Trata-se de um duo da cantora canadense (pretendo um dia falar das cantoras canadenses aqui!) K. D. Lang (ótima intérprete de bossa nova, diga-se de passagem) e Tony Bennett, que gravaram um disco que leva o nome dessa música. O primeiro e, digamos, o mais importante intérprete da canção composta por Bob Thiele (que tinha o pseudônimo de George Douglas e George David Weiss) é Louis Armstrong, que lançou o single da música no outono de 1968. Desde '65, os Estados Unidos estavam metidos na Guerra do Vietnã (conseqüencia da chamada "Guerra Fria"), mandando seus jovens para a morte. A canção parece querer trazer ao mundo em conflito um pouco de otimismo e esperança em face de uma perspectiva de tragédia e terror. Não foi por acaso que a música está na trilha sonora do filme "Bom dia, Vietnã", de 1987 - quando ficou bastante conhecida mesmo. Traduzo a letra (livremente):
"Vejo o verde das árvores...
O vermelho das rosas também...
Assisto-as desabrochando, para mim e para você
E fico pensando, comigo mesmo, que mundo maravilhoso!
Vejo um céu de azul! E nuvens de brancura!
O abençoado brilho do dia, o sagrado escuro da noite...
E fico pensando, comigo mesmo, que mundo maravilhoso!
As cores do arco-íris, tão lindas no céu...
Também as dos rostos das pessoas que passam
Vejo amigos apertando as mãos, dizendo "como vai?"
Na realidade dizendo [com esse gesto] "eu amo você"
Ouço o choro dos bebês... Assisto-os crescer!
Sabia que eles vão aprender muito mais do que eu jamais tenha aprendido?
E eu penso, comigo mesmo... Que mundo maravilhoso!
Sim... Eu penso comigo mesmo: QUE MUNDO MARAVILHOSO!"
Existem centenas de regravações da música que é a #1 pra mim... Dezenas de artistas já gravaram essa ingênua e singela canção. A mais inusitada, para mim, é a versão do Joe Ramone - ficou muito boa. Porém, a que considero mais perfeita - a que mais me emociona, sem contar a gravação original - é a gravada pelo duo que eu havia dito - 10 anos depois da versão que deixo pra vocês curtirem, que fora gravada em 1992. Com vocês, Mr. Nick Cave (do Nick Cave and The Bad Seeds) e Shane MacGowan (Pogues), cantando "What a wonderful world".

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Antologia Delicatta III


Não é nenhum segredo que eu gosto de escrever. Acho mesmo que me expresso muito melhor por escrito. Está fazendo um ano que escrevi um conto baseado em fatos reais intitulado "A Sorte é um Banco 24 Horas" em homenagem a um (muito querido) amigo - R. Schierz. Tudo começou com um sonho muito significativo - eu nunca me lembro dos meus sonhos, nunca! - em que os números 7 e 11 se fizeram presentes. Eu sabia que eles representavam algo importante que eu precisava entender. Meu namorado e eu somos muito junguianos e sempre estamos tentando entender o que um sonho quer nos dizer. Havia comentado com ele e depois com esse meu amigo, o Schierz. Perguntei se ele jogava no bicho, talvez fosse um bom palpite para jogar, ao que me disse que ia saber com um amigo dele. Tempos depois, já nem me lembrava do assunto quando me revelou não somente quais eram os bichos correspondentes aos números do sonho mas também que havia arriscado 50 centavos no meu palpite: ganhou 125 reais. Mas o amigo dele que teve mais fé no palpite e ganhou 10 vezes mais que ele!! 'Eu te falei pra jogar! Por que não apostou mais, seu bobo?' - disse, me acabando de tanto rir - 'Essa foi tão boa que daria um excelente conto!', ao que me respondeu: 'Escreva!'. Foi o que fiz. Em 20 minutos estava escrito. Esse texto ficou guardado até março desse ano quando recebi o convite para participar de um Concurso Literário chamado Projeto Delicatta. Idealizado por Luiza Moreira, o concurso, em sua 3ª edição, buscou novos talentos literários através da web - via Orkut. O principal objetivo do concurso é permitir que pessoas comuns tenham a oportunidade de divulgar seu trabalho em uma publicação - lançada na Bienal do Livro de SP - que reuniu nessa edição mais de 80 autores de todo Brasil - inclusive três participantes de Portugal.


No último sábado, o projeto reuniu os autores para premiação dos melhores em várias categorias. Tendo em vista a diversidade e a qualidade até ter o livro em mãos eu desconhecia, confesso com toda sinceridade que não esperava receber o prêmio de autor revelação pelo texto "A Sorte é um Banco 24 Horas". Na coletânea, estão também dois poemas: "Sonne & Meer" - dedicado a uma amiga chamada Alda Niemeyer - e "Relicário" - dedicado à minha querida professora de Francês Beatriz Vaz Leão.


Eu não quero parecer uma falsa humilde... Por isso, ainda que eu me sinta merecedora de reconhecimento por fazer bem aquilo que eu mais gosto na vida, eu sinto que esse prêmio pertence aos meus amigos que me inspiraram: R. Schierz, Alda Niemeyer e Beatriz Leão. Merecem igualmente essa homenagem todos aqueles que estiveram ao meu lado e não estão mais - voluntária ou involuntariamente -, aos que estão e aos que ainda vão estar... Porque são eles que me movem a estar aqui compartilhando meus pensamentos, sentimentos e vivências.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Acústico MTV Julieta Venegas

Essa moreninha é linda! Não só canta: encanta. Mesmo tendo nascido na Califórnia, é uma representante da música mexicana. Sua carreira ganhou notoriedade internacional quando seu álbum "Limón y Sal" ganhou o Grammy na categoria Melhor Álbum de Música Alternativa em 2006. A música que dá título ao álbum foi exatamente a que me pôs jogada aos seus pés! Uma ternurinha... Ela transimite isso: delicadeza e doçura.

É patente que música latina não cola no Brasil. Brasileiro torce o nariz pra música cantada em espanhol. A febre latina aqui dá e passa bem rápido. Só para lembrar: Menudo (Rick Martin) e Shakira. Mas nossos bons músicos sempre dão um crédito para bons cantores latinos. Lembro a pareceria entre Fito Paes e os Titãs (o acústico foi um FENÔMENO!). Mano Chao também é bem querido dos artistas da mpb mais recente - Zeca Baleiro, Lenine... Esse último, convidou Julieta para cantar em seu acústico - que resultou na belíssima "Miedo".

Gravado em junho deste ano, o Acústico MTV Julieta Venegas nos brinda com suas melhores canções em arranjos primorosos. Ilusion conta com a participação da diva maior da MPB: Marisa Monte. Mas não é a melodia nem as vozes delicadas que me agradam que me fazem amar essa canção. Leia a letra, veja o vídeo. Depois, se descobrir, me conte o que é!





Ilusion - Julieta Venegas & Marisa Monte


Uma vez eu tive uma ilusão
E não soube o que fazer
Não soube o que fazer
Com ela
Não soube o que fazer
E ela se foi
Porque eu a deixei
Por que eu a deixei?
Não sei
Eu só sei que ela se foi

Mi corazón desde entonces
La llora diario
No portão
Por ella no supe que hacer
y se me fue
Porque la deje
¿Por que la deje?
No sé
Solo sé que se me fue

Sei que tudo o que eu queria
Deixei tudo o que eu queria
Porque não me deixei tentar
Vivê-la feliz

É a ilusão de que volte
O que me faça feliz
Faça viver

Por ella no supe que hacer
Y se me fue
Porque la deje
¿Por que la deje?
No sé
Solo sé que se me fue

Sei que tudo o que eu queria
Deixei tudo o que eu queria
Porque não me deixei tentar
Viver-la feliz

Sei que tudo o que eu queria
Deixei tudo o que eu queria
Porque no me dejo
Tratar de ser la feliz

Porque la deje
¿Por que la deje?
No sé
Solo sé que se me fue



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terça-feira, 5 de agosto de 2008

Volta às aulas

Hoje vi no Lab Clássicos MTV o clip de Hit me baby one more time. Considero um absurdo que esse clip passe por clássico, entendendo clássico do modo como eu entendo. Vamos aceitar que ele realmente foi um marco no pop. E os adolescentes que adoravam a Britney hoje já são graduados na faculdade e com certeza desprezam o passado. Assim como os meninos e meninas que hoje curtem High School Musical vão um dia deixar de gostar disso e perceber que tudo são fórmulas pré-fabricadas. Enfim, assistindo eu me dei conta de como ele me lembra que realmente as férias acabaram e que é tempo de começar tudo de novo. Eu passei um longo tempo afastada da faculdade depois que concluí meu curso. Eu senti por um tempo que ali não era meu lugar mais e isso me deixou triste. Esse semestre porém resolvi retomar aulas na FaLe. E descobri uma coisa que eu estou certa de que farei por toda minha vida, enquanto eu viver: estudar. Eu venho confessar que realizei neste semestre um sonho e superei uma resistência. O sonho: aprender LIBRAS. Finalmente a Faculdade de Letras da UFMG (FaLe) incluiu em sua grade curricular um curso de Língua Brasileira de Sinais. E qual não foi minha surpresa quando encontrei em minha professora uma amiga que fiz há um tempo atrás quando cursei uma disciplina como eletiva na pós-graduação. A superação: finalmente tive coragem de me matricular em Alemão. Eu sempre achei que era uma língua horrorosa. Entretanto, há mais ou menos um ano atrás eu venho descobrindo pouco a pouco que aprender essa língua faz parte de um processo muito importante de (auto)descoberta. Eu não tenho noção se vai ser fácil ou difícil esse aprendizado, mas sei que ele é fundamental neste momento que estou vivendo. Infelizmente a primeira aula que esperei com ansiedade não aconteceu. O professor simplesmente não veio e avisaram só na hora...

Assim, eu retomo o clip da Britney para dizer que não importa o grau em que estejamos: quando alunos, todos passamos por essa ansiedade de aprender novas coisas, rever os amigos, conhecer novos. AND I MUST CONFESS: até que eu gosto de umas musiquinhas da Britney - inclusive essa! Se o Travis pode, eu também posso!



segunda-feira, 4 de agosto de 2008

As time goes by - O tempo passa, o amor permanece


Casablanca - 1942


Acho que já está no (in)consciente coletivo essa história de amor, essa coisa de ser capaz de abrir mão do outro para que o outro seja feliz. Assistir (finalmente) Casablanca me fez ver que não é coisa de gente “in” falar que esse é o melhor filme de todos os tempos. Esse é um filme memorável por vários motivos. Entretanto, apenas um justifica a fama que ele tem: fazer a gente pensar no que significa realmente amar uma pessoa.


Casablanca é uma cidade marroquina fundada em 1515 pelos portugueses. Na verdade, o nome original é CASA BRANCA mesmo, em português. Mas em 1757, quando foi reconstruída devido a um terrível terremoto, a cidade passou a ser conhecida pelo nome hispânico Casablanca por causa dos muitos mercadores espanhóis que se instalaram nela neste período. Mas no século XX, com o Imperialismo em ascensão, a França ocupou a cidade. Na 2ª guerra, foi o cenário de uma conferência entre dois grandes heróis da resistência: Churchill e Roosevelt.



Segundo o filme, Casablanca foi durante a guerra o lugar por onde escoavam fugitivos de guerra. O filme é bastante realista nesse sentido, pois ele foi realizado em 1942, o que significa que o mundo ainda estava em guerra. A guerra é o plano de fundo para uma história de amor muito bonita. O triângulo amoroso é um evento clássico nos romances, não é? Mas se a gente se pusesse no lugar de Ilsa? Quem escolheríamos? O homem a quem nosso amor é devotado por admiração ao caráter ou aquele cujos beijos são mais doces? E se fôssemos Rick? Deixaríamos nossa amada partir com o outro ou ficaríamos com ela? Eu vejo essa história de uma maneira muito particular. Ela coloca em questão o amor como uma coisa não excludente. Amar uma pessoa não significa que não amar tão intensamente uma outra. O Gaiarsa tenta explicar como isso funciona... Mas nem todo mundo entende. Esse filme me faz entender o que ele fala de uma maneira muito melhor. Faz a gente ver também como o amar está acima de nós mesmos, pois implica a felicidade do outro acima da nossa. Eu gostei tanto porque se tratou de uma escolha. E eu vejo o amor como uma escolha, uma opção. Um dia venho aqui falar sobre isso. Por hora, apenas digo que este é realmente o clássico dos clássicos, o melhor filme de amor de todos os tempos!





sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Amado - Vanessa da Mata

MPB é um gênero muito elitizado, né? As pessoas que curtem MPB são geralmente abastadas ou (pseudo)intelectuais. Eu não sei explicar pois não sou nem uma coisa nem outra. Gosto de MPB do mesmo modo que curto uma boa música Indie.

Essa moça cabeluda nunca fez minha cabeça. Não até ouvir essa canção. Eu ouvia o cantarolado na novela das oito, mas nunca pude prestar a devida atenção à esta letra. E hoje foi o dia em que eu pude fazê-lo. Sinceramente? Chorei. Eu sinto que poderia ter escrito essa letra. O arranjo está muito lindo... Essa música é perfeita.

"Como pode ser gostar de alguém
e este tal alguém não ser seu?
Fico desejando nós gastando o mar
Pôr do sol postal, ninguém mais"

Britpop

A Grã-Bretanha sempre foi pop. Aliás, o pop – o verdadeiro e bom – nasceu em Liverpool: essa é a minha opinião. A (boa) música tal qual entendo surgiu assim: a.B – d.B (antes de Beatles – Depois de Beatles). Ainda que o termo tenha sido cunhado no início dos anos 90 com o surgimento de bandas como Oasis, Elastica, The Verve, Blur, entre outras, particularmente acho que a música popular britânica (a mpb deles!) nasceu com os Beatles. É importante entender que nem tudo que vem de lá é britpop. Existe uma série de características estereofônicas que classificam determinadas bandas neste estilo, digamos assim. Spice Girls na minha opinião é pop ordinário – em sentido lato! O Britpop é algo mais singular.

Uma das características mais básicas é ter se originado na Grã-Bretanha (Inglaterra, Escócia, Irlanda...). Outra seria ter uma forte influência de Beatles. Mas depois de quase duas décadas na ativa e em desenvolvimento progressivo, o estilo se expandiu para outras terras. Já tem britpop americano (Killers e Strokes), britpop sueco (Hives). A estética desse tipo particular de pop tem sido fortemente explorado pelas gravadoras dado o mega sucesso de bandas como Radiohead, (curioso salientar que o britpop é caracterizado pelos arranjos radiofônicos - daí Radiohead) que influenciou mais de meio mundo. O indie tem raízes bem fincadas no britpop. Assim, eu considero bandas como Autoramas e Cascadura bem do estilo indie britpop. Milhares de bandas e músicos com essa veia pop britânica convivem simultaneamente e são adoradas por milhares de pessoas no mundo inteiro através da web em sites especializados como o MySpace, iLike e iJigg.

A música britânica dita mais do que regras em ritmo e sonoridade. É um tipo de som que agrada determinado tipo de pessoa: aquela cujo pop de massa não atrai. Eu conheço muito pouca gente que curte britpop de verdade. Há pessoas que ouvem muitas músicas consagradas do estilo, mas são do tipo que se rendem a tudo que estiver “na moda”. Bem, é certo que música e moda andam muito juntos, mas - bah! - isso é papo pra um outro post!...