terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Arthur, o Milionário Hilário

Nunca pensei que eu fosse uma pessoa apegada ao passado, mas acho que quando vamos envelhecendo as lembranças se tornam preciosas... Por que? Porque são provas irrefutáveis de nossa dor e glória. Tenho um certo orgulho de ser de uma geração que viveu os anos 80. Década incrível de fato... Grandes filmes, belas canções, bons tempos que nos fazem - nós que temos mais de 30 - bastante nostálgicos. 

Não curto remakes dos meus filmes favoritos. É meio que uma heresia, sabe? Porém, essa semana eu vi um remake de um dos maiores clássicos da comédia romântica: Arthur, o Milionário Sedutor. Muito difícil ver o milionário arruinado de Dudley Moore na pele de um ilustre desconhecido com cara de cavalo e uma pobre menina pobre substituindo a talentosíssima Liza Minnelli. O roteiro que recebeu uma indicação ao Oscar foi adaptado e, de certa forma, recebeu um upgrade que parece ter transformado o milonário sedutor em um milonário hilário. Se no original Hobson é o mordomo, Hobson muda de gênero e se torna uma governanta... quer dizer, uma Nanny Mcphee da menopausa, parafraseando uma das quotes engraçadíssimas que fazem o filme valer a pena ser assistido, adoravelmente sarcástica que roubou totalmente a cena. O remake me ganhou em um aspecto bastante interessante: porque precisamos perder para ganhar? Não podemos saber o valor de tudo que temos simplesmente até perdê-los para sempre? 

2012 tem sido cheio de tropeços - literalmente. Me sinto muito insegura a respeito do meu futuro. Esse filme me fez pensar que segurança material não é de modo algum garantia de felicidade e bem-estar. O que nos faz bem, nos dá segurança e nos torna especiais é o amor das pessoas... Que tal prestar atenção nas pessoas que te amam de verdade? Porque perder tempo pensando que não tem o amor que merece quando ele está bem debaixo do seu nariz (nos membros da sua família, nos seus amigos e até nos seus pets)? Ninguém deve esperar sofrer para aprender coisa alguma... É suficiente ter os olhos e o coração bem abertos!

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Amor em Pedaços

Para Tio .Faso

A vida, às vezes, é doce. Algumas vezes, amaríssima! Ter energia e disposição para vencer cada desafio que ela nos impõe a cada dia se torna uma tarefa muito difícil quando o viver é desprovido de sabor. O que dá sabor à vida? A família, os amigos, os amores... Ah, os amores... A gente vai amando tudo! Mesmo quando ainda sequer nos entendemos por gente. Amamos "dedeira", o paninho, os brinquedos... nossos pais, os amiguinhos, as brincadeiras... as músicas, os tênis, as roupas, os livros, pessoas... E assim o ato de amar vai se tornando cada vez mais complexo. Como pode uma coisa que nasceu espontaneamente, sem que ninguém a cultivasse, ocupar o nosso ser de tal forma que não fôssemos mais capazes de nos sentir inteiros, íntegros sem ela - essa coisa chamada amor? O amor está em pedaços... Pedaços de nós que se tornam as coisas, as pessoas, os momentos...

Amor em pedaços é um doce muito mineiro, muito embora sua origem seja portuguesa. É um doce que se faz com açúcar (e com afeto!), abacaxi, coco... Farinha, manteiga, ovos... Tudo junto, casadinho - deliciosamente. Ontem foi a primeira vez que tentei fazê-lo. Receita que ganhei de uma amiga paulistana. Sabe quando a gente ama uma pessoa e não quer "pisar na bola"? Quer fazer tudo certo: usar a roupa certa, o perfume certo, o penteado certo... a palavra certa, na hora certa... Assim eu escolhi os ingredientes certos: o abacaxi mais doce (achei um milagre acertar dessa vez!), ovos capira fresquinhos... Tudo para ficar mais próxima da perfeição. Do mesmo jeito que alguém que faz tudo certo e ainda assim leva um fora (ou dá um fora por razões que a própria razão desconhece), meu amor em pedaços não ficou perfeito e isso me deixou triste. E não é assim que ficamos quando um grande amor "termina"? Sim, entre aspas porque acredito que quando amamos de verdade, não há desamor. Há uma mudança de rumos, mas o amor não deixa de existir.  O recheio dessa sobremesa é cozido lentamente em fogo brando. Como nos relacionamentos... Cozinhamos nossos sentimentos no fogo brando da nossa paixão, mas nem sempre acertamos o ponto. "Onde foi que eu errei"? - nos perguntamos. E as perguntas não cessam... 

Houve amor? Houve sim... No desejo que motivou o preparo, no anseio pelo resultado, nas escolhas... E nos erros. Porque ninguém erra sem ter tido o profundo e autêntico desejo de acertar. Há amor? Claro! O doce, ainda que imperfeito, é cheio de aroma, cor e sabor. Provei meu doce imperfeito e dividido... Aceita um pedaço?