quarta-feira, 17 de junho de 2009

A finalidade da minha existência

Um dos clássicos da MPB, favorita de muita gente, a canção "O que é, o que é?", do Gonzaguinha nos traz uma bela reflexão sobre uma palavra - um substantivo, um verbo: vida, viver. Ele e todos que gostam de cantar essa música, preferem a "pureza da resposta das crianças". Outros, todavia, preferem a "objetividade" da resposta de Schopenhauer: "Viver é sofrer". Ambos preocuparam-se em definir o que é aquilo que chamamos vida, dar um conceito sobre o viver. Mas nenhum dos dois se ocupou em responder sobre a finalidade da vida.

Particularmente, gosto da letra de Gonzaguinha - otimista. Entretanto, não posso negar que Schopenhauer - pessimista - me soe muito mais realista. Desde o momento que chegamos nesse mundo, sofremos. Somos arrancados do útero de nossas mães - quentinho, seguro - e somos obrigados a respirar! Ninguém se lembra como é a sensação. Deus deve ter sido muito generoso por não deixar que a gente se lembre disso pois me parece ser um processo muito, muito doloroso... Já parou pra pensar quanto sofrimento passa um pequeno ser apenas por (lutar para) viver? É dor de barriga, dor dos dentes nascendo, uma série de doenças e dores expressas no choro estridente de quem não sabe ainda suportar em silêncio a dor física.

Hoje, não por acaso, pensei em todas as dores sofridas - físicas e psicológicas - pelas quais passei nessas mais de 3o primaveras: os joelhos ralados das quedas, o dia em que eu quebrei o braço esquerdo (anos mais tarde quebraria também o direito), a primeira (única e última) surra que eu levei do meu pai... As doenças: catapora (ainda me lembro do corpo febril e das feridas que coçavam terrívelmente), rubéola, cachumba... e os inúmeros resfriados (e as injeções de Bezetacil). Depois, as terríveis cólicas menstruais e as dores mais excruciantes do mundo: enxaqueca crônica, cólica renal e... a dor de um aborto espontâneo. É tanta dor física que eu já experimentei que costumo dizer que quando eu morrer, nem vou saber que estou morrendo. As psicológicas: o deboche por ser magra demais, ser preterida no jardim da infância pela professora por não ser a "mais bonita", a "mais rica" e a "mais inteligente", ficar sempre em último lugar na família e ter que aprender a fazer tudo sozinha desde muito, muito cedo. Depois, o escárnio por ser gorda demais, o desprezo por ser "inteligente demais"; amar uma pessoa - aquela que a gente pensa que é pra sempre - e ser abandonada por ela e preterida por outra. Amar outra pessoa e ser abandonada (de novo), sem a menor explicação. Amar uma pessoa - a que você pretende e tem fé que seja finalmente aquela que te completa - e ouvir dela todas aquelas coisas que te fazem sentir a agonia de estar vivo, de "ter que" continuar existindo, apesar de.

É, Schopenhauer tem toda razão. Nem as pequenas, nem as grandes alegrias, cobrem a multidão dos meus sofrimentos. Todavia, como todo mundo, nas palavras de Gonzaguinha, não quero a morte. Não porque a temo. Ao contrário, todas as dores que sofri e que tenho a certeza absoluta de que ainda vou experimentar até que o último sopro de vida deixe meu corpo me fazem saber que morrer é a consequência que, entendida, deve ser simplesmente aceita.

E sobre a finalidade da Vida, afinal? Que me perdoem o imenso preâmbulo para o registro de algo muito, muito simples sobre a minha razão de existir: eu existo para fazer feliz as pessoas. Eu quero isso. Eu vim a esse mundo para trazer alegria, amor, paz e felicidade para quem estiver no meu caminho. É por isso que eu estou aqui. É por isso que eu quero viver. Descobri, muito de repente, que fazer as pessoas felizes é a maior alegria que podemos ter - uma que não se compra com dinheiro - e a maior tristeza que podemos experimentar é de causar o sofrimento dos outros. Se a grande luta dos (sobre)viventes é ser feliz, a finalidade da minha existência, enquanto eu tiver forças para continuar nesse mundo, é essa: nunca magoar ou ferir quem quer que seja e proporcionar felicidade. Assim, meus amigos, entre Gonzaguinha e Schopenhauer, fico com Guilherme Arantes e o seu Brincar de Viver...



P.S:Antes de escrever esse post, conversei longamente com uma amiga querida - a @Dea_Brat - sobre a vida e aqui ela escreveu algo bastante bonito sobre o que ela pensa...

5 comentários:

Ana Martins disse...

Belo texto mulher!!! Não conheço a outra música, só a do Gonzaguinha!!! Que aliás eu acho a letra muito bonita!
Beijos

Unknown disse...

gostei muito do seu texto! eh fia, a vida não é facil nao. mas acho que tudo que a gente passa da pra tirar proveito para nos tornarmos pessoas melhores ;)
beijocas!http://thais.defenestrando.net

Dafne disse...

Adorei e concordo que vc deixa a vida das pessoas mais felizes!

Nossa vida não é fácil, mas pense que isso é com todos e não só conosco... todo mundo tem tempos bons e ruins!
Saudades de você...

Beijos!

Anônimo disse...

Ainda bem vc não posso a música do gozadinha (rs). Não gosto daquela música porque ele diz "não tenha vergonha de ser feliz". Primeiro ninguém é feliz, e dizer que é questão de vergonha e ilógico. Para mim viver é sofrer.
Valeu pelo clássico do Guilherme Arantes.

Rod disse...

Tocante seu texto , digno de vc mesmo , que alma nobre a sua , obrigadooooooo de monte por ser seu amigo me sinto grato ao universo , beijaoooooo do jovem de outrora