terça-feira, 17 de março de 2009

Sem coleira: A Insustentável Leveza do Ser - Milan Kundera

Acordei sonhando. O paradoxo de um pesadelo feliz me ocorreu. Um ente querido morreu - no sonho. Não houve agonia, nem pesar. Se houve saudade ou tristeza, só posso imaginar - pelo alívio que tive ao despertar.

Uma urgência me fez ligar a tv e o dvd para terminar de ver um filme como se fosse a última coisa a fazer na vida. Há filmes que a gente vê e nem se dá conta do tempo que passou. Esse, interrompi nos 40 primeiros minutos - dias atrás - para poder dormir. E várias outras vezes hoje pela manhã - não conseguia suportar o impacto das cenas, das falas - sua leveza, seu peso sobre mim... Daniel Day-Lewis, um menino e Juliete Binoche uma menina. Dois personagens intrigantes - duas metades de mim: a masculina e a feminina - Tomas e Teresa. Adaptado do famosíssimo romance do escritor tcheco Milan Kundera, "A Insustentável Leveza do Ser" teve, sobre mim, o impacto de uma pluma pousada ao acaso na ponta do meu nariz. Vi o filme, estou lendo o livro. Kundera não mais aprovou, após o lançamento desse filme em 88, nenhuma adaptação de suas outras obras para o cinema. Mas isso não quer dizer que a adaptação não tenha sido boa. Ao contrário, penso que é uma das únicas que eu já gostei até hoje.




Tão leve fiquei assistindo ao filme e começando a leitura do livro, quanto pesado foi o meu dia. Um insucesso, não um fracasso. Dois - o outro, horas mais tarde. E eu pensando o dia inteiro em amor, ciúme, posse, liberdade... Viver feliz ou morrer feliz?

Eu vivo relativamente só. Tenho a companhia virtual das pessoas que me aconteceram por acaso e a presença real e significativa do animal mais amoroso que eu jamais conheci em meus anos de Balzac. Ela é um pouco Teresa - é minha dona e me "controla". Eu, para ela, sou Tomas: amo-a compaixão. É real: tudo que temos é uma a outra. Tomas e Teresa tinham Karenin e a lição de vida mais doce e profunda do filme/livro é dado por ela.

Assim, depois do peso do dia, sentido a leveza da noite, após um dia quente e semi-úmido, minha Karenin me esperava. Ela me pede com os olhos. Eu sei... Entendendo, sem dúvida alguma, sua linguagem silenciosa, peguei sua coleira mas não a coloquei. Hoje, pela primeira vez, ela passeou sem coleira. Tão linda a liberdade (ainda que vigiada) de um cão! Poucas vezes na vida tive uma experiência tão aparentemente insignificante e, ao mesmo tempo, tão plena de significância. Havia uma alegria muito maior nos passos dela - ligeiros, mas cuidadosos. O caminho, conhecia de cor. Conduziu-me. Não houve medo. E seguimos livres na noite amena.


3 comentários:

Anônimo disse...

Nunca me senti atraído por este filme, sempre o achei que é daqueles filmes para agradar intelectuais ou "especialistas de ser humano", que existem aos montes.
Muito legal passear com o cachorro sem coleira. Só porque temos uma coleira invisível não devemos fazer o mesmo com os animais.

Anônimo disse...

Oi Dri, meu nome é Eduardo, o do Blog que vc visitou e comentou. ahahahh. Eu não li o livro, mas já vi o filme. Nos primeiros minutos o filme é tedioso. Demais até. Mas aos poucos, vamos entrando no clima do filme, vamos entendendo a simbologia aí fica realmente ótimo. Mas uma coisa é certa. Não li o livro, porém o título é o mais instigante que eu já vi. Aliás, o melhor título que alguém poderia escrever: A insustentável leveza do ser. Nem se pode explicar, que estraga.

Beijos.
Nagai

Adri disse...

Oi, Eduardo! Eu sou a Nadeshiko, do Plurk. Eu te sigo lá...

Bacanérrimo seu blog, adorei! Volte sempre...