terça-feira, 29 de novembro de 2011

Deixe-me ser quem sou - 10 anos sem George Harrison



Para Cláudio Campos

É difícil ser a gente mesmo se nós nem ao menos nos conhecemos. Quem somos? Somos quem se levanta todas as manhãs para levar o corpo de um lado para o outro, rindo, chorando, comendo e dormindo? Somos quem diz que sente, que sofre, que se emociona? Quem somos? Essa resposta não a encontrei em nenhum lugar até hoje. Ainda assim, tento ser aquilo que entendo como ser eu mesma. 

Viver no mundo material sem ser do mundo material. O que isso quer dizer? Estamos o tempo todo nos identificando com os outros, com as coisas, situações de tal forma que nos confundimos com tudo isso e nos perdemos de nós mesmos; não sabemos a nossa identidade. Como viver nesse mundo sem ser afetado por ele? É possível?

Existiu nesse mundo uma pessoa admirável que buscou essas respostas até o dia de sua morte. E hoje faz uma década desde que ele se foi: George Harrison, meu beatle favorito...

Recentemente, Martin Scorsese lançou o maravilhoso documentário - intitulado George Harrison: Living in a material world - sobre a vida do músico que mais admiro na vida. Não há, efetivamente, nenhum dado novo desconhecido dos fãs mais acalorados, mas é impossível não se emocionar com os depoimentos de amigos e familiares do artista completo - em vários sentidos. 

De todas suas qualidades, George tinha uma que mais admiro: ele foi um amigo de todos. Era uma pessoa alegre, cordata, sensível e, como todos sabem, espiritual. Desenvolver amizade divina foi algo que ele sempre buscou e todos os registros sobre sua vida apontam para a conclusão de que ele conseguiu...

O documentário, que tornou-se um cobiçado box para fãs (disponível, até onde sei, apenas no Reino Unido, por enquanto), traz algumas coisinhas "inéditas". Uma delas, é a canção Let it Be Me.







Segundo o blog Baú do Edu, Let It Be Me foi uma canção popular francesa de 1955. Je t'appartiens, seu título original, foi registrada pela primeira vez por Gilbert Bécaud, composta em francês por Pierre Delanoë. Sua versão em inglês foi feita por Mann Curtis, em 1957, e gravada por Jill Corey. Depois, apareceu outra versão, de Jimmy Carrol, que foi lançada como single e moderadamente bem sucedida. A versão mais popular de "Let It Be Me" foi lançada em 1960 pela banda The Everly Brothers, chegando à  7 ª posição na Billboard. Os arranjos e harmonias desta versão foram muitas vezes imitados e regravados em centenas de remakers posteriores. Já foi gravada por Betty Everett e Jerry Butler, Nancy Sinatra, The Sweet Inspirations, Glen Campbell and Bobbie Gentry, The 5th Dimension, Bob Dylan, Jay and the Americans, Elvis Presley, Roberta Flack, Nina Simone, Willie Nelson, Rod Stewart, Neil Diamond e também meu amado George Harrison, numa versão acústica que nunca chegara a ser lançada oficialmente, embora já tenha aparecido em Bootlegs. 

A singela canção (que traduzo livremente), diz da condição mais importante para se estabelecer um relacionamento divino, baseado em amor: respeitar o direito que o outro tem de ser ele mesmo. Se ser a gente mesmo é a coisa mais difícil do mundo, deixar que o outro seja é mais difícil ainda...

Let It Be Me

I bless the day I found you
(eu bendigo o dia em que te encontrei)
I want to stay around you
(quero estar perto de ti)
And so I beg you
(por isso te imploro)
Let it be me
(deixa que eu seja eu mesmo)

Don't take this heaven from one
(Não tires esse direito de ninguém)
If you must cling to someone
(se pretendes ter alguém contigo)
Now and forever
(agora e para sempre)
Let it be me
(deixa que eu seja eu mesmo)

Each time we meet love
(Sempre que nos encontramos, amor)
I find complete love
(encontro em ti amor completo)
Without your sweet love
(sem seu doce amor)
Tell me, what would life be?
(diga-me, como a vida seria?)

So never leave me lonely
(então, nunca me deixes sozinho)
Tell me you love me only
(digas que amas apenas a mim)
And that you'll always
(e que vai sempre)
Let it be me
(deixar que eu seja eu mesmo)






Um comentário:

Anônimo disse...

Martin Scorsese já tinha feito um documentário sobre Bob Dylan - "No Direction Home" - agora sobre George Harrison. Ambos maravilhosos, feito por um grande cineasta que nunca escondeu que é fã de rock.
Você fez bem em por a letra da música, é ótima, ainda mais na época em que vivemos onde existe vários modelos de como devemos ser - regras até para ser "feliz".