Clarice é minha favorita - é evidente. Mas recentemente tive que reconhecer que ela não era lá muito original. Muitas coisas legais que ela disse foram ditas por Fernando Sabino. Ela só colocou da maneira dela. É aquela tal de Lei de Lavoisier da literatura. É certo que me desapontou um pouco reconhecer isso depois de reler "O Encontro Marcado", mas assim mesmo ela (na verdade, o Sabino mais ainda) conseguiram pôr em palavras de maneira absolutamente perfeita como eu jamais conseguiria. Eu gosto muito do conto "Felicidade Clandestina". É como se fosse um retrato de mim também... E eu hoje estou pensando no que é felicidade.
Todo mundo quer ser feliz. Muita gente diz que é feliz. Mas eu duvido de todo mundo. Partindo do básico, consulto o dicionário. Concurso de circunstâncias que causam ventura - está lá! Concordo que esse seja talvez um caminho para que a gente possa identificá-la em nós, mas a felicidade é mais que clandestina - é sorrateira, oculta. Quando a gente é feliz, a gente nunca sabe. E só se dá conta quando a sensação fica quando ela passa.
Ontem foi o show do Heaven & Hell (Black Sabbath com o Dio). Meu namorado sabia do evento há meses, mas a perspectiva de estar lá era remota. Era um sonho de menino que ele tinha de ver o famoso guitarrista canhoto Tony Iommy e o vocalista Dio em pessoa cantando no palco na cidade dele. Já confessei aqui que nunca fui fã de heavy metal e outros gêneros, mas o amor que ele tem à música em geral é tão grande que me educou para apreciar de certa maneira até o que eu jamais pensei em curtir. Estávamos sem grana para os ingressos. O primeiro lote se esgotara rapidamente e uma semana antes do show, o site do Chevrolet Hall já avisava que todos os ingressos foram vendidos - tudo esgotado! O dinheiro surgiu na véspera do show, mas ele estava descrente. Eu procurei pessoas vendendo na internet - no Orkut, no Twitter e nada! Com algum esforço, consegui convencê-lo a tentar comprar na porta, horas antes do show começar. A porta da casa de espetáculos estava toda negra - uma multidão cabeluda e vestida de preto da cabeça aos pés, surgida "do nada", fazia fila para assistir aos ídolos do metal. Meu namorado estava entusiasmado e eu acabei sendo contagiada. Nervosos e sem muita esperança, fomos direto à bilheteria - uma chance infinitesimal de conseguir comprar entradas por preço real. Qual não foi nossa surpresa quando o rapaz da bilheteria disse com uma cara desapontada: só tem um. Pronto! A sorte era dele. O ingresso era dele! Mas ele me queria junto. Fomos para fila, ingresso garantido. Encontrei uma aluna minha na fila e ficamos ainda mais empolgados pelo espetáculo. Meu namorado tentou, mas os cambistas são implacáveis - querem lucro absoluto às custas de fãs inocentes. Jurei tentar conseguir comprar do lado de fora. Segui com os olhos a fila andando, meu namorado e minha aluna felizes indo ver os roqueiros legendários. Do meu lugar, eu senti a emoção dele. Tentei, como prometido, mas a ganância me derrotou. Vim para casa esperar por ele. Depois de 3 horas, ele chegou com rosto iluminado de alegria e os olhos vermelhos, banhados pelas lágrimas da emoção. Ele mal encontrava as palavras para descrever os acontecimentos e o impacto da experiência vivenciada. Sorrateira, a felicidade dizia que estava ali. Dentro dele e dentro de mim.
Felicidade para mim é essa: a que vem a mim através do outro, a do outro sendo a minha. Eu não estava lá. E justo por não ter estado que eu sei que a minha felicidade foi tão grande quanto a dele porque ELE estava feliz. Experimentar essa felicidade é maravilhoso! Gostaria que todos pudessem encontrá-la um dia, de repente - Sem surpresas. Pois se ela é clandestina, descobrí-la é uma experiência singularmente fascinante!
Todo mundo quer ser feliz. Muita gente diz que é feliz. Mas eu duvido de todo mundo. Partindo do básico, consulto o dicionário. Concurso de circunstâncias que causam ventura - está lá! Concordo que esse seja talvez um caminho para que a gente possa identificá-la em nós, mas a felicidade é mais que clandestina - é sorrateira, oculta. Quando a gente é feliz, a gente nunca sabe. E só se dá conta quando a sensação fica quando ela passa.
Ontem foi o show do Heaven & Hell (Black Sabbath com o Dio). Meu namorado sabia do evento há meses, mas a perspectiva de estar lá era remota. Era um sonho de menino que ele tinha de ver o famoso guitarrista canhoto Tony Iommy e o vocalista Dio em pessoa cantando no palco na cidade dele. Já confessei aqui que nunca fui fã de heavy metal e outros gêneros, mas o amor que ele tem à música em geral é tão grande que me educou para apreciar de certa maneira até o que eu jamais pensei em curtir. Estávamos sem grana para os ingressos. O primeiro lote se esgotara rapidamente e uma semana antes do show, o site do Chevrolet Hall já avisava que todos os ingressos foram vendidos - tudo esgotado! O dinheiro surgiu na véspera do show, mas ele estava descrente. Eu procurei pessoas vendendo na internet - no Orkut, no Twitter e nada! Com algum esforço, consegui convencê-lo a tentar comprar na porta, horas antes do show começar. A porta da casa de espetáculos estava toda negra - uma multidão cabeluda e vestida de preto da cabeça aos pés, surgida "do nada", fazia fila para assistir aos ídolos do metal. Meu namorado estava entusiasmado e eu acabei sendo contagiada. Nervosos e sem muita esperança, fomos direto à bilheteria - uma chance infinitesimal de conseguir comprar entradas por preço real. Qual não foi nossa surpresa quando o rapaz da bilheteria disse com uma cara desapontada: só tem um. Pronto! A sorte era dele. O ingresso era dele! Mas ele me queria junto. Fomos para fila, ingresso garantido. Encontrei uma aluna minha na fila e ficamos ainda mais empolgados pelo espetáculo. Meu namorado tentou, mas os cambistas são implacáveis - querem lucro absoluto às custas de fãs inocentes. Jurei tentar conseguir comprar do lado de fora. Segui com os olhos a fila andando, meu namorado e minha aluna felizes indo ver os roqueiros legendários. Do meu lugar, eu senti a emoção dele. Tentei, como prometido, mas a ganância me derrotou. Vim para casa esperar por ele. Depois de 3 horas, ele chegou com rosto iluminado de alegria e os olhos vermelhos, banhados pelas lágrimas da emoção. Ele mal encontrava as palavras para descrever os acontecimentos e o impacto da experiência vivenciada. Sorrateira, a felicidade dizia que estava ali. Dentro dele e dentro de mim.
Felicidade para mim é essa: a que vem a mim através do outro, a do outro sendo a minha. Eu não estava lá. E justo por não ter estado que eu sei que a minha felicidade foi tão grande quanto a dele porque ELE estava feliz. Experimentar essa felicidade é maravilhoso! Gostaria que todos pudessem encontrá-la um dia, de repente - Sem surpresas. Pois se ela é clandestina, descobrí-la é uma experiência singularmente fascinante!
3 comentários:
Comecei a ler o post e ia comentar sobre Sabino, de como ele sempre rodeou minha vida. mas ao ler o resto não tenho palavras pra dizer. E nem tenhho como agradecer por todo que fiz por mim.
Erro: digo, você fez por mim.
tão lindo seu blog *-*
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