Ontem, vi um especial da vida de Michael feito em 88. Puxa, eu realmente fiquei emocionada! Por que as pessoas não tentaram vê-lo daquela forma bonita quando houve aqueles escândalos em torno de sua vida pessoal? Por que agora - só agora que ele já está morto e não pode ouvir nem ver o quanto ele era realmente admirado - as pessoas falam essas frases feitas? Prefiro não comentar...
A vida dele pode parecer, para muita gente que acha que fama e dinheiro resolveria a aridez da vida, uma maravilha. E tudo indica que não era. A dor da alma passa para o corpo. E que recurso uma pessoa pode achar que não seja uma droga - Demerol, Rivotril, Fluoxetina, Paroxetina - qualquer uma que possa aplacar uma dor surda e, ao mesmo tempo, gritante? Quem pode condenar alguém por querer fazer com que a dor cesse, quem pode?
Nas últimas semanas, tenho sofrido silenciosamente. Analgésicos e calmantes tem tido, para mim, um tremendo poder de sedução. Eu resisto o quanto posso. Mas me entrego quando dói demais. Ninguém deve ficar com dor - ninguém.
Existe uma dor que não sara com remédio - é a dor da solidão, a dor de não saber o que fazer quando não há o que fazer, a dor de não saber esperar, de não ter confiança nem fé no amanhã, a dor do niilismo, da falta do "algo a mais" que a gente nem sabe o que é exatamente.
Hoje estava pensando num remédio pra essas dores. Acho que encontrei um que talvez sirva para quem possa precisar. Ele não tem preço, não se compra em farmácia. Ninguém pode nos dar - só a gente mesmo, quando quiser, quando precisar. Ele está dentro de nós, numa parte do nosso ser que a gente dá o nome de memória e é um derivado da lembrança. Meu remédio é aquela coisa mágica que faz os Dementadores desaparecerem, que conjura o Patrono - uma lembrança boa, a melhor que pudermos imaginar...
[Um dia de quase outono. Uma praia deserta, o cheiro do mar e barulho das ondas batendo nas pedras. Uma tremenda suavidade e um sentimento de eternidade indescritível...]
Descanse em paz, Michael!