Imaginei fazer uma pesquisa para saber qual a flor as pessoas preferem. Não é difícil presumir que a rosa é sempre a mais lembrada. Por que as rosas são tão fascinantes? Pois é... Não sei dizer.
Eu convivi com uma rosa desde minha mais tenra infância. Não tive uma irmã de fato, mas minha tia Olivina ROSE foi exatamente o mais próximo do que seria ter uma irmã em minha meninice e adolescência. Hoje, ao tentar escrever algumas palavras sobre como me sinto à respeito de sua breve passagem pela Terra, me recordo com alegria as lembranças doces dessa época da vida: as brincadeiras de boneca, de aulinha (e quem diria que eu seria mesmo um dia professora de verdade?), de rir até se mijar, das tietagens com o Menudo e outras tantas coisas que fazem parte de um repertório de experiências tão peculiares a essas fases da vida. Talvez não fôssemos tão íntimas nem tão cúmplices como irmãs de verdade. Mas o fato é que eu sinto, dentro do meu coração, que nos amamos de verdade.
Eu sabia de seu estado delicado de saúde - como toda rosa, essa era muito frágil -, mas eu tinha tanta esperança que ela se recuperasse dessa vez, especialmente dessa vez! Essa rosa passou por tanta coisa... Por que dessa vez, justo dessa vez, ela não conseguiu? Eu até agora não consigo acreditar que não vou mais ouvir sua risada gostosa, receber seu beijo carinhoso. Não consigo. Nas redes sociais, cada vez que vejo uma foto não consigo imaginar que ela não está mais aqui. A maioria das pessoas quando perdem um ente querido demonstram se abalando emocionalmente: choram, se deprimem (e deprimem os outros). Não que isso seja errado - afinal, nesse mundo que em que parecer é mais importante que ser - fomos educados para externar o que sentimos dessa forma. No entanto, antes de mecanicamente reproduzir o que a sociedade me cobra de tributo à memória de alguém que se vai dessa vida, medito sobre a morte. Não é a morte o oposto da vida, mas sua razão de ser. Não somos porque existimos, mas sobretudo porque um dia, o fato de existirmos será uma marca indelével para aqueles que nos amaram enquanto vivemos.
Sempre quando alguém que eu amo se vai, me pergunto como posso honrar sua memória da melhor maneira. E sempre me ocorre que devo assimilar as melhores qualidades daquela pessoa para que ela possa viver em mim enquanto eu também viver. Olivina era amiga de todos. Desde sempre, fazia amizades - de longe ou de perto, sempre fazia. Conhecemos amigos virtuais juntas mesmo quando ninguém se referia a quem conhecíamos à distância nesses termos. Conhecemos o mundo virtual e a internet desde o início juntas e estivemos sempre conectadas. Ela sempre amou sorrir e seu sorriso era muito, muito encantador. Era vaidosa e ousada - não tinha medo de mudar o visual ou usar roupas que aumentassem sua autoestima. Por isso, todas as vezes que eu sorrir ou ter coragem de me amar, de me aceitar apesar de, sei que Olivina Rose está vivendo através de mim...
Uma rosa tem em média 40 a 50 pétalas. Olivina Rose viveu o desabrochar de cada pétala da rosa que era. A textura, a cor e o perfume de uma rosa ficam na lembrança para sempre, se a gente não quiser esquecer. Olivina Rose Pereira, você é agora parte eterna do meu Ser.