Medo devia ser uma palavra mais exdrúxula. Com muitas sílabas, acentos, encontros consonantais, cedilhas, etc... Uma palavrinha de 4 pequenas letras: destrói, corrói. Você tem medo de quê? Tenho muitos medos inconfessáveis. E tenho um desejo imenso de viver uma vida sem medo. O medo é uma jaula que nos bestializa. Uma prisão sem muros. Grilhão ilusório. Amarra invisível. Gás paralisante. Tenho medo de ter medo de ter medo e isso não torna confusa a força do meu adversário. Tenho medo de confessar meus medos. Tenho medo de fingir que o medo não existe. Tenho medo de acreditar no medo. Tenho medo de todos os medos do mundo. Hoje, quero confessar meus medos. Tenho mais medo do próprio medo do que de meus próprios erros.
Tenho medo de não ser forte. Tenho medo de ser frágil. Tenho mais medo de machucar que ser machucada. Tenho medo de não conseguir viver a vida que eu quero para mim. Tenho medo de fingir ser o que não sou. Tenho medo de não ser a pessoa que eu acredito ser. Tenho medo de descobrir que além de ser a sombra do que eu era, não sou nem a metade do que eu queria ser. Tenho medo dos meus desejos. Tenho um medo medonho de perder. De me perder.
Ontem li uma citação que dizia o seguinte: "a alma não tem segredos que o comportamento não revele". Seria brilhante a assertiva se acaso fosse a alma quem se comporta. A alma não se revela porque a alma não tem segredos. A alma simplesmente é. Quem sente dor, rancor, mágoa, tristeza ou medo? Acho que tenho medo de saber.
Não tenho medo da decepção. Tenho medo de decepcionar. Não tenho medo de errar. Tenho medo de não ter razão - para existir, para entender, para aceitar, para desistir... ou para lutar. Não tenho medo da solidão. Tenho medo de ser só. Tenho o medo medonho de magoar quem eu amo irremediavelmente. Não sou desprovida de coragem. Às vezes mergulho e me entrego ao imprevisível, me arrisco no escuro. Mas o meu maior medo... é que me descubram antes de mim.